sexta-feira, 24 de julho de 2009

Luxo para salvar o planeta?



Não tenho certeza de onde li isso, há pouco mais de uma ano, se foi na Wired ou na GQ. A ideia era, no mínimo, interessante, mas não reverberou. Provocando, o texto dizia que uma cadeira de plástico, com design assinado, iria salvar o meio ambiente. Esquentando ainda mais a polêmica, dizia que o luxo poderia contribuir muito. Insanidade? Não. O interessante conceito por trás disto é de que uma das grandes ameaças ao equilíbrio ambiental é exatamente o consumo desenfreado de quinquilharias baratas e descartáveis. Voltando ao exemplo da cadeira de design: quem gasta uma boa quantia num móvel caro vai cuidar melhor dele, preserva-lo e esperar muito mais para trocar por outro (até por conta do investimento necessário). E mesmo quando o faça, é muito mais fácil que encontre um comprador, interessado na peça de design de segunda mão, que também deverá manter o ciclo de conservação. Em comparação com uma cadeira qualquer, sem valor de revenda e mal conservada, o móvel de luxo geraria muito menos dejeto e, por durar mais, consumiria menos energia, matérias-primas etc. O mesmo raciocínio pode ser replicado para relógios, canetas, carros e até roupas, por exemplo. A base é que qualidade e custo podem refrear o consumo desnecessário.

Papo de marketeiro para vender grife? Proposta inconsistente pois bastaria uma postura de consumo consciente – independente do custo/marca – para resolver isto? Limpa consciência para snobes? Pode ser tudo isto, mas como se trata de uma ideia que vem contra o politicamente correto e o senso comum estabelecido (e talvez por isto mesmo não tenha “pegado”), eu adoro! No mínimo, faz pensar – o que hoje não é pouco.

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