segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Política 2.0 não perdoa falta de profissionalismo


Infelizmente daqui há alguns minutos todos teremos esquecido, mas o vexame do senador Aluízio Mercadante, que num dia anunciou a todos os seus seguidores no twitter que havia tomado uma a decisão irrevogável de renunciar à liderança do Partido dos Trabalhadores no Senado por discordar da posição de seu partido de defender a todo custo o senador José Sarney. Para os que, infelizmente, já se esqueceram, dia 20 de agosto, Mercadante postou no microblog sua determinação e, dia 21, subiu à tribuna para dizer que, a pedido do presidente Lula, iria revogar sua decisão irrevogável e se manteria no cargo.

A patuscada de Mercadante, Lula e Sarney mostra que nem todos os políticos estão prontos para adentrar o universo do que alguns chamam de Governo 2.0, inaugurada pelo então candidato a presidente dos Estados Unidos Barack Obama. Não que seja possível recuar – na minha humilde opinião, este movimento não tem retorno. Mas ele exige um grau de transparência e interação hoje inéditos.

Dividir com seus eleitores suas decisões e pontos de vista em tempo real. Abrir um canal de comunicação que permite a todos os interessados não apenas seguir seus os comentários de seu representante como responder a ele e a milhares de outros eleitores. As mídias sociais parecem uma ótima ferramenta para aprofundar a democracia. Num mundo ideal, todos os políticos deveriam ser obrigados a ter um perfil ativo nas mídias sociais e a responder os questionamentos públicos.

Mas, para isso, nossos nobres políticos precisam entender que o twitter e outras ferramentas semelhantes da internet não são um palanque eletrônico. Ao contrário das mídias convencionais, não se trata de um canal para divulgar seu discurso, mas de um espaço para o diálogo. E não adianta se fingir de surdo pois em pouco tempo você terá uma multidão gritando seu nome – só que de forma nada apropriada.

Vejam só todo o barulho que alguns influentes blogueiros (no Twitter: @ninocarvalho, @cnepomucemo e @LeoBragança) já estão fazendo em cima da canhesta proposta de “blog” sem espaço para respostas do Lula. Com toda razão, virou motivo de chacota a proposta do planalto (em minúsculo mesmo) de lançar um blog (afinal se o Obama tem um...) mas onde ninguém pode responder ou comentar nada. Ou seja, um nãoblog.

Será que todos os políticos que entraram nesta nova onda sabiam exatamente o que estavam fazendo? Será que alguém os avisou da responsabilidade do que se escreve e a necessidade de dar respostas a todos os questionamentos dos eleitores? Ou será que apenas seguiram a nova onda para venderem uma imagem de modernos, antenados e na esperança de ser o novo Obama? Não, não quero desencorajar ninguém, muito pelo contrário. Mas que o irrevogável de Mercadante fique como alerta de que este é um jogo sério, que requer planejamento, estratégia, preparação e, talvez o mais difícil neste caso (dos políticos em geral, não deste senador em particular), uma boa dose de inteligência e bom senso.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Quer inovar, crescer e liderar? Perca o foco!

Artigo na Época Negócios deste mês relata estudos acadêmicos que buscam encontrar um padrão nas grandes sacadas, as ideias surpreendentes e inesperadas que mudam o rumo de uma empresa ou segmento. Sob o título “Inovação inesperada também tem padrão”, o texto mostra o esforço de pesquisadores do MIT e da consultoria Innosight para rastrear os fatores que geram grandes sacadas. Numa leitura superficial, o texto da revista vai para um caminho que eu, pessoalmente, não gosto, do tipo “cinco práticas para vencedores”, pois generaliza e oferece fórmulas prontas – ótimo para quem não quer pensar.

As dicas são básicas: busque inspirações em produtos existentes em outros mercados (exemplo da Red Bull e Starbucks), em produtos de nicho (wii, cuja tecnologia de sensores de movimento veio de um modelo de controle remoto) ou em usuários que desenvolvem uma nova relação com seu produto. Ok. Mas as grandes sacacas, para mim, estão nos detalhes. É quando se relata a insistência do líder da Red Bull em bancar sua aposta na bebida mesmo depois que os primeiros testes com o público foram um desastre. Ou na visão de sempre se dar uma segunda chance a uma ideia – segundo a revista, o Viagra nasceu de uma droga para angina que não deu certo e que tinha, como efeito colateral, o poder de gerar uma ereção.

O que me encanta é saber que, segundo o pesquisador de inovações Clayton Christensem, 93% das ideias bem sucedidas começaram na direção errada! Ou seja, para inovar é preciso olhar para fora, para o outro, para o estranho e estrangeiro. É preciso abrir olhos e ouvidos para o que parece não fazer o menor sentido e ter coragem de enfrentar as certezas estabelecidas. De outra forma, continuaremos sempre apenas fazendo mais do mesmo.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Jornalismo para quem?



por Rodrigo Dionísio

Inicio minha participação aqui; sim, pretendo voltar. E o tema é algo que gira (em) minha mente desde a época da criação do Pérolas (http://perolasdasassessorias.wordpress.com/) e do artigo raivoso do Ivan Lessa (http://noticias.uol.com.br/bbc/2006/11/24/ult2363u8716.jhtm). Renasceu com a coluna no jornal Destak da semana passada, assinada por Luiz Antonio Ryff e com o sugestivo título de Assessoria de Imprensa para Cães (www.destakjornal.com.br/readContent.aspx?id=18,43830).



Fato: assessorias dos mais diversos portes cometem erros grotescos, mandam pautas para quem não devem, atendem anseios de clientes, com medo do confronto, em vez de orientá-los. Muitas agências no meio (muitas empresas de comunicação) são montadas sem estrutura, é o amigo do amigo que conhece “uns jornalistas” e vira assessor.



Já se discutiu muito quanto assessoria e Redação têm de andar juntas. Mais ainda sobre o quanto, ainda hoje, os dois meios se digladiam. Mas toda vez que vejo manifestações como essas, e apesar de minha ponderação no parágrafo anterior, me sinto um tanto acuado e sem voz.



Porque é engraçado chutar assessorias (e assessores), inclusive da maneira desrespeitosa e nada ética do Ivan. Mas quanto tempo duraria profissionalmente um assessor que decidisse abrir um blog contando sobre o editor que manda um amigo viajar em um presstour e, na volta do fulano, pede para a assessoria escrever o texto, pois o cara “não anotou nada e não está afim”?



Ou das inúmeras vezes nas quais teve de levar gente bêbada e drogada para quartos, fazer entrevistas no lugar dos profissionais da Redação, agenciar encontros, receber solicitações de invasão de privacidade...? Nada disso é ficção, nada disso partiu de veículos pequenos.



Não quero incitar briga, este texto é mais um desabafo que outra coisa. Todos nós temos um papel nesta história, para alguns muito claro. Para outros, sim, nós somos só agenciadores, no pior sentido, prensados entre a vontade do cliente e a postura inúmeras vezes mimada dos coleguinhas da Redação.



Conclusão? Uma pequena história, de um passado não tão distante: na minha época de Folha de SPaulo, cobrindo TV, auge dos reality shows, havia uma proposta do Daniel Castro de trancar todos os colunistas da área em uma casa e faze-los fechar suas colunas diárias sem poder contar com nenhuma assessoria de imprensa. Quem não conseguisse, seria eliminado do programa. O deboche terminava com a conclusão óbvia segundo a qual a atração não iria funcionar, todos seriam eliminados no primeiro dia.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Quem é quem nas redes sociais?

Toda a discussão em CoffeeBreak semana passada sobre rentabilidade e remuneração na web me leva a outro tópico. Já ouvi pessoas falando que, com os blogs e mídias sociais, a tendência, no médio prazo, é o fim da mídia tradicional. Seriamos todos informados diretamente pelas fontes, sem intermediários (já escrevemos aqui sobre a tendência de empresas e personalidades falarem direto com a audiência via internet) ou por blogueiros independentes ou por colegas no Twitter. Sem custo, sem tendências editoriais, sem interferência comercial.

Que bacana. Mas quem garante a credibilidade? Se hoje muitos já questionam a isenção e a qualidade da informação que a imprensa oferece, imagine num cenário em que não há qualquer instituição ou empresa tentando, ao menos, vender a veracidade do que divulga?

Pior. Um dos grandes telhados de vidro da Internet e de todo o meio digital, para este escriba, é a facilidade com que se pode maquiar a realidade. Quem dirá assumir a identidade de outros. Há alguns dias li no M&M OnLine que diversos publicitários famosos relatam a existência de perfis falsos deles no Twitter. Entre os artistas, o cenário não é diferente. Começou com o divertido perfil falso do Victor Fasano e hoje há diversos atores e atrizes usando a imprensa para explicar que não estão no Twitter ou no Facebook.

Segundo nota no blog do GJOL http://gjol.blogspot.com/2009/08/robots-dominam-o-twitter-e-geram-24-das.html, 24% de todos os Tweets são gerados por máquinas e não por usuários humanos. No mesmo post o pessoal do GJOL informa que 5% dos usuários do Twitter geram 75% do conteúdo da rede social.

Ainda no Twitter, segundo o Mashable, os gestores do serviço estariam tentando tirar do ar o uSocial, que “vende” seguidores para pessoas físicas e jurídicas no microblog. Por módicos U$ 87 você passa a contar com mais mil seguidores (quem sabe não é a solução para a briga entre Marcelo Tas e Luciano Hulk para ver quem tem mais pessoas recebendo suas frases – e mais barato do que sortear um punhado de eletrodomésticos).

Por estas e outras, talvez quem tenha razão é o multi-bilionário mexicano Carlos Slim, presidente da América Móvil e que disputa com Bill Gates o título de homem mais rico do mundo. Em perfil na Piauí deste mês, perguntado do motivo que o levou a ser um dos maiores acionistas do The New York Times, o astuto empresário disse que a internet pode até acabar com o atual formato de jornais e revistas, mas o mundo vai continuar precisando de informação de qualidade vinda de fonte confiável. Para mim, este é o ponto. Num mundo digital onde é cada vez mais fácil fingir ser o que não se é, vamos precisar cada vez mais de um “selo de garantia” de que a informação é mesmo válida e procedente. O problema é quando começarem a piratear o selo...

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Quem vai pagar o almoço grátis?




Ia passar batido no assunto, pois não sei se tenho o que acrescentar, mas o post de segunda, dia 17, me leva ao tema. Enquanto a dificuldade de monetizar os serviços leva ao risco de falência empresas secundárias do universo das redes sociais na internet, um dos pensadores mais polemicos da atualidade, Chris Anderson, prega em seu novo livro, Free, que tudo o que for digitalizável deve ser grátis na rede.

Autor de A Cauda Longa e um dos criadores da maravilhosa revista Wired, Anderson afirma que a realidade dos serviços e da informação sem pagamento na rede é irreversível e quem brigou com isto, como a indústria da música, apenas perdeu um tempo precioso a ser dedicado na busca de um novo modelo de negócio. Assim, segundo Anderson, jornais e revistas que se reviram em como cobrar pelos artigos que na web deveriam se preocupar em ampliar a distribuição e divulgação deste conteúdo e vender publicidade. Os grupos musicais, usar a rede para se divulgar de graça e ganhar com shows, vendas de produtos com sua marca, etc.

Pode fazer sentido, afinal, o modelo de negócios das emissoras abertas de rádio e TV é exatamente este que Anderson propõe para a mídia na internet. Mas, felizmente, há vozes discordantes. Uma delas é de outro pensador genial, Malcom Gladwell, autor de Blink e Fora de Série. Mas talvez a mais relevante seja a do magnata da mídia Keith Rupert Murdoch,

Segundo o The New York Times (http://www.nytimes.com/2009/08/10/business/media/10carr.html?_r=1&partner=rss&emc=rss ), para Mr. Murdoch, produzir jornalismo de qualidade é caro e isto tem que ser pago de maneira adequada. Ele alega que a internet permite uma distribuição barata, mas que mesmo assim seu grupo não produz conteúdo para ser entregue de graça. Mesmo que alguns detratores digam que Mr. Murdoch nunca tenha navegado sozinho na web na vida, não se deve menosprezar a opinião de um empreendedor que começou com um jornal na sua Austrália local e hoje é dono do conglomerado News Corporation, ao qual pertencem o The Wall Street Journal, os canais de TV Fox, o britânico The Times e diversos outros títulos nos EUA, Reino Unido e Austrália.

Talvez a saída esteja no meio do caminho, num sistema híbrido, onde alguns serviços e conteúdos serão gratuitos, remunerados pela publicidade ou pela venda de outros produtos associados, e outros, de nicho, sejam pagos. Só acho, e posso estar errado, é que, como dizia meu bisavô, não existe almoço grátis.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

A bolha das redes sociais pode estourar?

Elas revolucionaram a comunicação e o comportamento. Mas será que as redes sociais, assim como as conhecemos, têm vida longa? Num artigo para o Min Online (noticiário norte-americano que cobre os meios de comunicação e RP), Steve Smith relata a precária situação financeira de empresas como a Tr.im, que oferece gratuitamente o “encolhimento” de URLs (endereços de páginas na internet), essencial para que mensagens com links caibam nos 140 caracteres do Twitter – leia o artigo original, em inglês, no http://www.minonline.com/news/11826.html . Sem qualquer remuneração por parte do usuário, o modelo de negócio da TR.im previa faturar com a venda das informações que seu serviço lhe permite ter acesso: quais os links que as pessoas mais estão indicando aos amigos. Acontece que estes dados são conhecidos por diversos outros prestadores de serviço no web e não tem hoje o valor de mercado necessário para pagar a manutenção do serviço.

Ok. Se o Tr.im quebrar, o mundo das redes sociais continuará o mesmo. Até porque existem outros “encurtadores” de URLs, como o Bit.ly e o TinyURL. Mas a situação do Tr.im acende a luz amarela no maravilhoso mundo da nova mídia, onde o usuário não paga nada, as empresas (mesmo Twitter ou Facebook) ainda não conseguiram criar um sistema de remuneração lucrativo e o tamanho da rede só cresce. Vira e mexe, tenho problemas para atualizar minha home no Twitter. Alguns amigos perderam seus twetts mais antigos. E a cada dia milhares de novos usuários se penduram na rede.

Será que Mr. Obama, que se elegeu com a ajuda das novas mídias da internet e vê o Twitter, por exemplo, como um parceiro na tentativa de democratizar países como o Irã terá de oferecer um pacote de benefícios para salvar o setor? Ou os gênios do Vale do Silício encontrarão uma saída para, como ocorreu com o Google, gerar muito valor com serviços que hoje dão prejuízo? Para variar, não sei. Mas, neste momento em que todos começam a desenhar seu futuro contando com estas redes, eu teria um plano B na manga.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Só porque hoje é sexta-feira


Pesquisas comprovam – ao menos até agora: trocar o lazer e a aventura pelo trabalho gera arrependimento. Estudo de Ran Kivetz, da Columbia University, citado pela revista Wired, separou dois grupos de pessoas. Ao primeiro, pediu que avaliasse momentos de trabalho e de ócio na semana anterior. O resultado foi um equilíbrio nas notas dadas às duas categorias. Ao segundo grupo, pediu o mesmo, mas para situações ocorridas há alguns anos. O resultado? O arrependimento pelo tempo dedicada ao labor, desta vez, foi o dobro do dedicado ao lazer.

Outra revista, outro caso inspirador. Qual, na sua opinião, leitor, seria o futuro de uma empresa que paga aos funcionários salários 20% maiores, proíbe horas extras e tem como regra que ninguém saia depois do horário. Mais: dedica 20% de seu lucro para obras sociais. Se você pensou, um grande sucesso, acertou. Esta empresa existe, na Itália, e atende pelo nome de seu criador, Brunello Cucinelli. Segundo a Época Negócios deste mês, que descobriu a pérola, a companhia que produz peças de vestuário de cashmere de altíssimo luxo, além de prêmios pela qualidade dos seus produtos, faturou 144 milhões de euros em 2008 e cresceu 20% em três anos.

Será apenas um devaneio acreditar que pessoas felizes e com tempo para desenvolver outros interesses são mais produtivas e criativas? Talvez. Mas como hoje é sexta, que tal dedicar o final de semana a sonhar com um novo presente possível?

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Me esqueça, por favor





No momento em que a Humanidade alcança o que parece ser uma capacidade praticamente ilimitada de armazenar e processar informações, vem de Harvard um apelo interessante: precisamos reaprender a esquecer. A ideia vem do professor Viktor Mayer-Schönberger e foi levantada pela Wired deste mês.

Como sempre foi muito árduo relembrar permanentemente os acontecimentos, apenas os fatos mais relevantes eram preservados e passados para as gerações futuras. Assim, praticamente tudo o que a maioria das pessoas fazia era simplesmente esquecido com o passar do tempo. Ruim? Muito pelo contrário. Este efeito continha um enorme fator libertador, uma vez que os momentos embaraçosos seriam gradualmente apagados da memória.

Segundo o estudioso, ao eliminar este ciclo, a tecnologia esta gerando uma pressão cada vez maior sobre as pessoas. Qualquer erro, seja uma foto comprometedora no Flickr ou um comentário infeliz no Twitter, será preservado para todo o sempre, assim declarações de amor a pessoas que hoje não estão mais em, digamos, nossa intimidade. O problema é que a facilidade de criar e armazenar arquivos digitais é desproporcionalmente maior que o tempo que seria despendido editando este material (quem é que não tem Cds e mais Cds e mais Cds de fotos digitais – a maioria absolutamente descartável? Algo – para quem ainda é desta época - impensável quando tínhamos que investir na compra de filme e posterior revelação)

O que fazer? Para Mayer-Schönberger os desenvolvedores precisam criar aplicativos que nos ajudem a apagar os dados depois de algum tempo. As redes sociais e demais ferramentas da internet, na opinião do estidioso, deveriam questionar os usuários se querem manter os arquivos na rede e até quando.

Estaremos criando um novo tipo de poluição, a virtual? E, com ela, criando um novo tipo de monstro, um passado highlinder, imortal, escancarando a todos nossos deslizes? Alguém, por favor, pode apertar o delete?

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

O Twitter em números, para o bem ou para o mal

Que o Twitter é o atual queridinho da mídia, nem se discute. Este escriba, em particular, usa e adora a ferramenta. E os dados são todos superlativos.
Só nos EUA, a rede social recebeu 2,75 bilhões de citações na grande imprensa durante a segunda quinzena de junho e a primeira de julho. Se fosse pago em valores publicitários, o espaço equivaleria a US$ 48 milhões. Segundo a empresa responsável pelo levantamento, se fossem consideradas as reportagens em jornais menores, o valor poderia ser o dobro.
Segundo o instituto Nielsen Online, entre junho de 2008 e junho de 2009, o número de visitantes únicos do Twitter, nos EUA, cresceu 1.929%.

Já o IBOPE brasileiro, que também está no Twitter (twitter.com/grupoibope) afirma que a rede social tem hoje mais penetração em nosso país que nos EUA ou Inglaterra: 15% dos internautas brasileiros ativos usam o twitter.
No final de julho a ferramenta atingiu a marca de 44,5 milhões de usuários em todo o mundo, ultrapassando o Orkut, por exemplo, que hoje tem cerca de 35 milhões inscritos. O Twitter é hoje o 52o maior site global.
Um sucesso não? Humm, talvez nem tanto quanto os belos números acima fazem crer. Um estudo entre os norte-americanos do Harris Interactive citado no Mashable indica que 69% dos adultos pesquisados não conhecem a ferramenta suficientemente bem para ter uma opinião a seu respeito.
Entre os que tem opinião, 12% acham que o Twitter está ameaçado pelo seu crescimento exacerbado, outros 12% avaliam que ele ficará relegado a jovens e à mídia, e 8% consideram tratar-se de uma onda passageira.
Outra pesquisa, divulgada semana passada, causou furor na web ao indicar que os jovens não twittam. Segundo o Nielsen, apenas 16% dos usuários tem menos de 25 anos, perfil completamente distinto de outras redes sociais, como o Facebook ou Orkut.

Ou seja, há controvérsias . Ainda bem, afinal, como já dizia Nelson Rodrigues, toda unanimidade é burra.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Comunicação Corporativa 2.0




“Toda empresa (agora) é um veículo de comunicação, em certo grau”. A frase, atribuída ao presidente da rede de TV norte-americana CBS, Andrew Hayward, abre a manchete do PRNews desta semana. Ele se refere à possibilidade que toda corporação tem de usar as ferramentas da web 2.0 para gerar conteúdo e se relacionar diretamente, se não com todo, ao menos com parte de seu público.

Claro que existem inúmeros riscos embutidos na abertura da empresa ao ambiente das mídias sociais, mas cada vez mais parece um caminho sem volta. Como no caso da industria fonográfica e a troca de arquivos musicais pela internet, goste-se ou não esta é a realidade e quem aprender antes a interagir com ela terá mais chances de ter algum ganho com isto.

Mas queria entrar um pouco mais profundamente na reflexão sobre a frase de Hayward em si, pois ela tem um potencial revolucionário para o mercado de comunicação corporativa. Começam a aparecer sinais de que as mídias sociais podem, se não substituir, ao menos oferecer um caminho paralelo aos veículos de comunicação tradicionais.

A Ferrari foi rápida. Exclusiva? Individuais? Coletiva? Nada disto. A primeira entrevista de Felipe Massa após o acidente na Hungria, ainda no hospital, foi para o site da marca (veja o original em: http://www.ferrari.com/English/Ferrari_TV/Pages/FerrariTVPlayer.aspx?serverId=9124&c=Video&cat=13). Emissoras de TV, rádios e jornais colheram lá imagens, sons e dados para suas reportagens. Muitas citaram o site. Já comentei em posts anteriores o anúncio do cancelamento de shows, devido a um sério problema de saúde com um de seus integrantes, que a banda de rap e rock Beastie Boys fez pelo... You Tube. O Santos Futebol Clube anunciou a contratação de Wanderley Luxemburgo pelo... Twitter. O mesmo serviço de microblog foi usado pela ex-candidata a vice-presidente dos Estados Unidos, Sarah Palin, para comunicar sua renuncia ao cargo de governadora do Alasca.

Em todos os casos, acima, o uso das mídias sociais não aconteceu após um contato formal com a imprensa. Nem mesmo paralelamente. Todos os veículos de comunicação foram “furados” pela web 2.0. E depois foram atrás da notícia ou de sua repercussão. Outra experiência, que também já foi citada neste CoffeeBreak, é a do blog Fatos e Dados da Petrobras.

Trata-se de um novo caminho na estratégia das empresas? No futuro as ações de comunicação corporativa irão prescindir dos veículos formais e atingir seu público de maneira direta pelas mídias sociais? O fato é que isto já começa a acontecer e quem trabalha na área deve se preparar para um novo cenário.

domingo, 2 de agosto de 2009

Empresas que usam mídias sociais tem resultados melhores


Interagir com as mídias sociais na internet ainda parece assustador para grande parte das empresas. Abrir a guarda para um ambiente onde qualquer consumidor, mesmo os com intenções questionáveis, têm liberdade para fazer e escrever o que quiserem parece uma ideia questionável para diversos executivos.

Mas um estudo mostra, pela primeira vez, uma forte correlação entre a participação nas mídias sociais e o resultado financeiro. A pesquisa foi desenvolvida pelo ENGAGEMENT db (http://www.engagementdb.com/), serviço que avalia as marcas que mais e melhor interagem com o público na Internet. Os responsáveis dividiram as empresas em quatro grupos, conforme o uso dos canais 2.0 da internet. Depois, usando os dados da BusinessWeek/Interbrand’s “Best Global Brands 2008”, compararam o desempenho de companhias por segmento de mercado. As que pertencem ao grupo das que usam mais e melhor as mídias sociais foram as que tiveram melhores números, por margens consideráveis. Na média, enquanto as marcas mais atuantes na web 2.0 tiveram alta de faturamento de 18% nos últimos 12 meses, as menos participativas registraram queda de 6%.

A lista das 10 empresas consideradas as mais integradas às mídias sociais pela ENGAGEMENT db, publicada junto com um resumo da pesquisa na edição da semana passada do PR News, não é exatamente uma surpresa:

1. Starbucks
2. Dell
3. eBay
4. Google
5. Microsoft
6. Thomson Reuters
7. Nike
8. Amazon
9. SAP
10. Intel e Yahoo (empatados)

Claro que não é possível afirmar que o bom resultado das empresas que usam as mídias sociais em comparação às que não usam advêm apenas deste fato. Mas parece que este tipo de postura é uma marca comum das corporações realmente engajadas com a inovação e a proximidade com o seu público. E parece que são estas as marcas que estão fazendo a diferença no cenário atual.