segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Política 2.0 não perdoa falta de profissionalismo


Infelizmente daqui há alguns minutos todos teremos esquecido, mas o vexame do senador Aluízio Mercadante, que num dia anunciou a todos os seus seguidores no twitter que havia tomado uma a decisão irrevogável de renunciar à liderança do Partido dos Trabalhadores no Senado por discordar da posição de seu partido de defender a todo custo o senador José Sarney. Para os que, infelizmente, já se esqueceram, dia 20 de agosto, Mercadante postou no microblog sua determinação e, dia 21, subiu à tribuna para dizer que, a pedido do presidente Lula, iria revogar sua decisão irrevogável e se manteria no cargo.

A patuscada de Mercadante, Lula e Sarney mostra que nem todos os políticos estão prontos para adentrar o universo do que alguns chamam de Governo 2.0, inaugurada pelo então candidato a presidente dos Estados Unidos Barack Obama. Não que seja possível recuar – na minha humilde opinião, este movimento não tem retorno. Mas ele exige um grau de transparência e interação hoje inéditos.

Dividir com seus eleitores suas decisões e pontos de vista em tempo real. Abrir um canal de comunicação que permite a todos os interessados não apenas seguir seus os comentários de seu representante como responder a ele e a milhares de outros eleitores. As mídias sociais parecem uma ótima ferramenta para aprofundar a democracia. Num mundo ideal, todos os políticos deveriam ser obrigados a ter um perfil ativo nas mídias sociais e a responder os questionamentos públicos.

Mas, para isso, nossos nobres políticos precisam entender que o twitter e outras ferramentas semelhantes da internet não são um palanque eletrônico. Ao contrário das mídias convencionais, não se trata de um canal para divulgar seu discurso, mas de um espaço para o diálogo. E não adianta se fingir de surdo pois em pouco tempo você terá uma multidão gritando seu nome – só que de forma nada apropriada.

Vejam só todo o barulho que alguns influentes blogueiros (no Twitter: @ninocarvalho, @cnepomucemo e @LeoBragança) já estão fazendo em cima da canhesta proposta de “blog” sem espaço para respostas do Lula. Com toda razão, virou motivo de chacota a proposta do planalto (em minúsculo mesmo) de lançar um blog (afinal se o Obama tem um...) mas onde ninguém pode responder ou comentar nada. Ou seja, um nãoblog.

Será que todos os políticos que entraram nesta nova onda sabiam exatamente o que estavam fazendo? Será que alguém os avisou da responsabilidade do que se escreve e a necessidade de dar respostas a todos os questionamentos dos eleitores? Ou será que apenas seguiram a nova onda para venderem uma imagem de modernos, antenados e na esperança de ser o novo Obama? Não, não quero desencorajar ninguém, muito pelo contrário. Mas que o irrevogável de Mercadante fique como alerta de que este é um jogo sério, que requer planejamento, estratégia, preparação e, talvez o mais difícil neste caso (dos políticos em geral, não deste senador em particular), uma boa dose de inteligência e bom senso.

2 comentários:

  1. ótimo texto e sugiro o post do alex primo Políticos brasileiros sonham em ser Obama no Twitter, mas não passam de um Mercadante

    http://www.interney.net/blogs/alexprimo/2009/08/25/politicos_brasileiros_sonham_em_ser_obam/

    mateus

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  2. Mateus,

    Obrigado pela dica. O texto do Alex realmente é muito bom. Tomara que as mídias sociais entre os políticos não sejam apenas uma moda, mas um canal democrático que seja desenvolvido com eficiência e profissionalismo.

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