quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Quem vai pagar o almoço grátis?




Ia passar batido no assunto, pois não sei se tenho o que acrescentar, mas o post de segunda, dia 17, me leva ao tema. Enquanto a dificuldade de monetizar os serviços leva ao risco de falência empresas secundárias do universo das redes sociais na internet, um dos pensadores mais polemicos da atualidade, Chris Anderson, prega em seu novo livro, Free, que tudo o que for digitalizável deve ser grátis na rede.

Autor de A Cauda Longa e um dos criadores da maravilhosa revista Wired, Anderson afirma que a realidade dos serviços e da informação sem pagamento na rede é irreversível e quem brigou com isto, como a indústria da música, apenas perdeu um tempo precioso a ser dedicado na busca de um novo modelo de negócio. Assim, segundo Anderson, jornais e revistas que se reviram em como cobrar pelos artigos que na web deveriam se preocupar em ampliar a distribuição e divulgação deste conteúdo e vender publicidade. Os grupos musicais, usar a rede para se divulgar de graça e ganhar com shows, vendas de produtos com sua marca, etc.

Pode fazer sentido, afinal, o modelo de negócios das emissoras abertas de rádio e TV é exatamente este que Anderson propõe para a mídia na internet. Mas, felizmente, há vozes discordantes. Uma delas é de outro pensador genial, Malcom Gladwell, autor de Blink e Fora de Série. Mas talvez a mais relevante seja a do magnata da mídia Keith Rupert Murdoch,

Segundo o The New York Times (http://www.nytimes.com/2009/08/10/business/media/10carr.html?_r=1&partner=rss&emc=rss ), para Mr. Murdoch, produzir jornalismo de qualidade é caro e isto tem que ser pago de maneira adequada. Ele alega que a internet permite uma distribuição barata, mas que mesmo assim seu grupo não produz conteúdo para ser entregue de graça. Mesmo que alguns detratores digam que Mr. Murdoch nunca tenha navegado sozinho na web na vida, não se deve menosprezar a opinião de um empreendedor que começou com um jornal na sua Austrália local e hoje é dono do conglomerado News Corporation, ao qual pertencem o The Wall Street Journal, os canais de TV Fox, o britânico The Times e diversos outros títulos nos EUA, Reino Unido e Austrália.

Talvez a saída esteja no meio do caminho, num sistema híbrido, onde alguns serviços e conteúdos serão gratuitos, remunerados pela publicidade ou pela venda de outros produtos associados, e outros, de nicho, sejam pagos. Só acho, e posso estar errado, é que, como dizia meu bisavô, não existe almoço grátis.

Um comentário:

  1. Acho que o modelo do futuro é o "freemium", que muitos sites tem adotado.

    De qualquer jeito, para conteúdo jornalístico em grande escala a melhor saída é lucrar com publicidade mesmo (se você tem uma audiência grande a receita com propaganda será significativa).

    Por outro lado, se você tem um conteúdo jornalístico voltado para um nicho pequeno, a saída é uma subscription ou algo do tipo.

    Ninguém está errado nesta história, o ponto-chave é que tudo DEPENDE. Depende do seu público.

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