Artigo na Época Negócios deste mês relata estudos acadêmicos que buscam encontrar um padrão nas grandes sacadas, as ideias surpreendentes e inesperadas que mudam o rumo de uma empresa ou segmento. Sob o título “Inovação inesperada também tem padrão”, o texto mostra o esforço de pesquisadores do MIT e da consultoria Innosight para rastrear os fatores que geram grandes sacadas. Numa leitura superficial, o texto da revista vai para um caminho que eu, pessoalmente, não gosto, do tipo “cinco práticas para vencedores”, pois generaliza e oferece fórmulas prontas – ótimo para quem não quer pensar.
As dicas são básicas: busque inspirações em produtos existentes em outros mercados (exemplo da Red Bull e Starbucks), em produtos de nicho (wii, cuja tecnologia de sensores de movimento veio de um modelo de controle remoto) ou em usuários que desenvolvem uma nova relação com seu produto. Ok. Mas as grandes sacacas, para mim, estão nos detalhes. É quando se relata a insistência do líder da Red Bull em bancar sua aposta na bebida mesmo depois que os primeiros testes com o público foram um desastre. Ou na visão de sempre se dar uma segunda chance a uma ideia – segundo a revista, o Viagra nasceu de uma droga para angina que não deu certo e que tinha, como efeito colateral, o poder de gerar uma ereção.
O que me encanta é saber que, segundo o pesquisador de inovações Clayton Christensem, 93% das ideias bem sucedidas começaram na direção errada! Ou seja, para inovar é preciso olhar para fora, para o outro, para o estranho e estrangeiro. É preciso abrir olhos e ouvidos para o que parece não fazer o menor sentido e ter coragem de enfrentar as certezas estabelecidas. De outra forma, continuaremos sempre apenas fazendo mais do mesmo.
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