quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Jornalismo para quem?



por Rodrigo Dionísio

Inicio minha participação aqui; sim, pretendo voltar. E o tema é algo que gira (em) minha mente desde a época da criação do Pérolas (http://perolasdasassessorias.wordpress.com/) e do artigo raivoso do Ivan Lessa (http://noticias.uol.com.br/bbc/2006/11/24/ult2363u8716.jhtm). Renasceu com a coluna no jornal Destak da semana passada, assinada por Luiz Antonio Ryff e com o sugestivo título de Assessoria de Imprensa para Cães (www.destakjornal.com.br/readContent.aspx?id=18,43830).



Fato: assessorias dos mais diversos portes cometem erros grotescos, mandam pautas para quem não devem, atendem anseios de clientes, com medo do confronto, em vez de orientá-los. Muitas agências no meio (muitas empresas de comunicação) são montadas sem estrutura, é o amigo do amigo que conhece “uns jornalistas” e vira assessor.



Já se discutiu muito quanto assessoria e Redação têm de andar juntas. Mais ainda sobre o quanto, ainda hoje, os dois meios se digladiam. Mas toda vez que vejo manifestações como essas, e apesar de minha ponderação no parágrafo anterior, me sinto um tanto acuado e sem voz.



Porque é engraçado chutar assessorias (e assessores), inclusive da maneira desrespeitosa e nada ética do Ivan. Mas quanto tempo duraria profissionalmente um assessor que decidisse abrir um blog contando sobre o editor que manda um amigo viajar em um presstour e, na volta do fulano, pede para a assessoria escrever o texto, pois o cara “não anotou nada e não está afim”?



Ou das inúmeras vezes nas quais teve de levar gente bêbada e drogada para quartos, fazer entrevistas no lugar dos profissionais da Redação, agenciar encontros, receber solicitações de invasão de privacidade...? Nada disso é ficção, nada disso partiu de veículos pequenos.



Não quero incitar briga, este texto é mais um desabafo que outra coisa. Todos nós temos um papel nesta história, para alguns muito claro. Para outros, sim, nós somos só agenciadores, no pior sentido, prensados entre a vontade do cliente e a postura inúmeras vezes mimada dos coleguinhas da Redação.



Conclusão? Uma pequena história, de um passado não tão distante: na minha época de Folha de SPaulo, cobrindo TV, auge dos reality shows, havia uma proposta do Daniel Castro de trancar todos os colunistas da área em uma casa e faze-los fechar suas colunas diárias sem poder contar com nenhuma assessoria de imprensa. Quem não conseguisse, seria eliminado do programa. O deboche terminava com a conclusão óbvia segundo a qual a atração não iria funcionar, todos seriam eliminados no primeiro dia.

Um comentário:

  1. hehehehhehe

    bela história, aliás se este blog proposto fosse ao ar belas outras histórias iriamos descobrir, alguem se candidata?

    mateus

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