quarta-feira, 29 de julho de 2009

Liderança espiritual para a inovação


A capa da Época Negócios deste mês – quase mês passado – é a escolha da revista, em conjunto com a FGV-Eaesp, das 25 empresas mais inovadoras do país. A vencedora é uma prestadora de serviços de inteligência em engenharia e gestão chamada Chemtech, que hoje pertence à Siemens. Super lucrativa e com um crescimento meteórico, ela entrega inovações por ter criado um ambiente e uma estrutura empresarial que permite isto.

A informalidade começa no vestuário e vai além. Os horários são flexíveis. Há espaços para ginástica e massoterapia, a licença paternidade dura 15 dias, o bônus é atrelado ao desempenho da equipe e, claro, é possível o trabalho à distância (a história é ótima: uma executiva pediu demissão para acompanhar o marido, transferido para Manaus. Não conseguiu. Recebeu a proposta de assumir a diretoria de RH a partir de Manaus, onde a Chemtech não tem filial. Ela trabalha num escritório em sua nova residência).

Outro ponto interessante na Chemtech é o uso das mídias sociais como ferramenta interna de divisão do conhecimento. Alias, a leitura do perfil das 25 empresas escolhidas mostra que esta é uma das principais semelhanças entre elas. Sejam blogs internos ou externos, Twitter ou redes sociais internas similares ao Facebook, elas agilizam a troca de idéias, mesmo as aparentemente inúteis, sem qualquer intervenção das chefias.

Mas toda esta liberdade não põe em cheque as hierarquias profissionais? Qual o espaço das lideranças sem o controle dos liderados? Como justificar um cargo? Como impor a liderança corporativa num ambiente destes? Será que este medo não está por trás da dificuldade em inovar na gestão das empresas?

A mesma edição da Época Negócios apresenta uma possível resposta, do monge vietnamita Thich Nhat Nanh. Para ele, o poder não vem do cargo, mas da capacidade que o líder tem de inspirar os demais com alegria, paz e estabilidade. No livro A Arte do Poder ele prega o resgate da paixão que origina boa parte das carreiras e acaba substituído pela vaidade do sucesso. O monge também discrimina o que ele intitula de cinco poderes espirituais: a fé (confiança no caminho escolhido, no resultado de longo prazo), perseverança, plena consciência (estar inteiro vivendo cada momento, algo cada vez mais difícil em tempos de ansiedade crônica), concentração e discernimento.

Crenças espirituais à parte, será que não é isto que se pode chamar de real liderança, independente do cargo ou do poder a ele atribuído?

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