quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Você quer ter razão ou ser feliz?







Voltamos ao tema do erro (já tratado aqui e também aqui), mas agora com outra abordagem. O pânico de errar, inimigo mortal da inovação, tem outro sintoma tão ou mais perigoso: a incapacidade de reconhecer suas falhas.

Independente de qualquer juízo de valor sobre o mega investidor e multimilionário George Soros, ele tem pelo menos uma ótima frase (que deu origem a este post): “só sou rico por saber quando estou enganado – eu basicamente sobrevivi por reconhecer meus erros”.

Meus últimos 15 anos de atuação corporativa me levam crer que, infelizmente, a maior parte dos executivos e profissionais de todos os níveis hierárquicos precisa dar mais ouvidos ao Mr. Soros (pelo menos no que se refere a reconhecer a aprender com os erros).

Com o passar do tempo, exceto em situações limite, se tornou cada vez mais difícil ver alguém declarar que cometeu algum equívoco e que outro caminho teria sido melhor. Pior, minha visão é de que quem tem a coragem de assumir um engano é muitas vezes avaliado pelos demais como naïf, um verdadeiro idiota. A regra não escrita é a gersiana “o que é bom eu mostro, o que é ruim escondo”. A cartilha segue: se questionado, se posicione de forma ambígua, no muro. Quando a bomba estoura, busca-se um bode espiatório (de preferência de fora ou de nível hierárquico inferior).

Mas o que realmente me assusta é a percepção (sim, posso estar errado) de que em boa parte das vezes a causa desta postura não é simplesmente uma covardia corporativa alimentada pela feroz concorrência por cargos e bônus. É a vaidade mesmo, questão de ego.

Estar sempre certo se tornou mais importante do que saber a verdade. Neste caminho, dados podem ser analisados pelo viés errado e cenários distorcidos. Fatos que justifiquem o ponto de vista eleito são considerados os mais importantes e os demais relegados, sem justificativa clara. Supostas análises racionais se tornam discussões de argumentos que mais lembram democratas e republicanos debatendo sua irracionalidade nos EUA.

Enquanto a realidade se curva ao peso dos egos e decisões viciadas atendem caprichos generalizados, George Soros ri sozinho – sua busca pela verdade a partir do erro o coloca à frente dos demais e, consequentemente, seu bolso cheio do dinheiro dos que se enganam com vontade e gosto.

2 comentários:

  1. Concordo plenamente, sobretudo com a questão do ego. Numa escala muito menor, como consumidora, sempre digo que não me incomoda o "erro" das empresas, mas sim a maneira como lidam com este. Um exemplo - é compreensível que o garçon possa fazer confusão com o pedido e trazer algo diferente do que vc queria, mas caso de desculpe e prontifique-se a corrigir, o mais rapidamente possível, para mim está tudo bem.

    Errar é humano. Insistir no erro, burrice.

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  2. Sim, Anaik: errar é humano, insistir no erro é burrice, e negar o erro é corporativo...

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