domingo, 23 de maio de 2010

A internet como veículo de comunicação popular






Por conta de uma nova conta na agência em que trabalho, a XPress, semana passada fui a Teresina, no Piauí. Depois de conhecer as instalações do cliente, aproveitamos a viagem para visitar as redações dos principais veículos de comunicação do estado, numa lista preparada pela Ícone, assessoria de imprensa local da empresa. A relação de visitas tinha quatro endereços. Para minha surpresa, além dos dois grandes jornais da cidade, O Dia e Meio Norte, nosso itinerário contemplou dois portais de conteúdo, AZ e AcessePiauí.

Fiquei pensando. Em São Paulo temos grandes portais, como UOL, G1, Terra e Yahoo. Mesmo assim, se qualquer colega colocar no papel uma lista dos, digamos seis principais veículos, dificilmente os citaria. Antes de seguir, vale informar que, em Teresina, além do Acesso e do AZ, o Dia e Meio Norte tem importantes sites de conteúdo, sendo que na redação de o Dia a novidade é a reforma para construir os novos estúdios da TV o Dia, transmitida pela...web (além de um canal a cabo local).
Será então que, pensando em geradores de conteúdo locais, a internet é mais importante em Piauí – um dos estados mais pobres da nação, que em São Paulo?

Curioso, na visita ao Acesso Piauí perguntei ao seu diretor, Cantídio Filho, de onde vem a força da notícia na internet em Teresina. Segundo ele, além da relevância entre os mais abastados, a classe política e formadores de opinião, a web tem grande penetração entre os mais simples. O fenômeno das Lan Houses transformou a internet numa das principais opções de entretenimento barato Brasil afora. Muitos jovens que jamais leram um jornal e poucas vezes manusearam uma revista navegam com grande freqüência.

Lembrei na hora de viagens profissionais recentes a Uberlândia (MG) e Manaus, onde já havia me surpreendido com a relevância das redes sociais. Na cidade mineira, por exemplo, um dos principais formadores de opinião locais tem sua identidade desconhecida. Sob o codinome @uberlandia, a pessoa divulga informações e palpites sobre a vida política, social e cultural uberlandense que repercutem em toda a cidade.

Enquanto isso, aqui em São Paulo, considerada a mais rica e moderna cidade do país, muitos insistem em ainda considerar a internet um canal de segunda linha para divulgar informações e mensagens chave. Quantos assessores de imprensa já não ouviram a fatídica frase “a, mas só na internet” quando apresenta os resultados de seu trabalho? E, mesmo depois de explicar que muitos portais tem números de acesso maiores que os veículos impressos, terminar a reunião com sentimento de frustração por não ter atingido os objetivos do cliente?

Pior. Quando pensamos em estratégias de comunicação corporativa que devem chegar ao público das classes D e E, inserimos a web? Ou ainda consideramos que internet é espaço apenas para as elites? Será que é hora de mudarmos esta postura, que parte de uma visão preconceituosa que parece bem distante dos fatos?

Um detalhe importante porém: o mesmo Cantídio que me falou sobre a relevância da web para o público popular, explica que estas pessoas hoje buscam na internet basicamente entretenimento. Jogos, comunicação com amigos, redes sociais e música são, segundo ele, as principais atrações na rede. Notícias, as que atraem mais acessos são sobre celebridades, esportes e fatos inusitados. Ou seja, numa estratégia de comunicação para classes menos privilegiadas, o desafio talvez não encontrar estas pessoas, mas gerar o conteúdo correto para atrair sua atenção.

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