Alguns estudos recentes ajudam a entender melhor o fenômeno das mídias sociais e seu funcionamento. Muitos ainda se surpreendem com a rapidez, alcance e poder que as ferramentas de relacionamento on-line tem. Mas a questão, aparentemente, é mais antiga. E offline.
Pesquisa científica descrita em reportagem de Jonah Lehrer na Wired de outubro comprova a surpreendentemente forte influência das redes de relacionamento. Resumo rápido. Em 1948, pesquisadores de Framingham (Massachusetts, EUA) começou a registrar com riqueza de detalhes os hábitos de mais de cinco mil pessoas, buscando rastrear fatores de risco para doenças cardíacas. O detalhe é que eles apontaram também dados sobre familiares e amigos próximos das pessoas acompanhadas.
Com este fantástico material na mão, os pesquisadores Nicholas Christakis e James Fowler analisaram a interferência das ligações pessoais em questões como obesidade e o hábito de fumar. Os dados de Framingham permitiram entender a evolução destas questões no tempo, desde os anos 50 até hoje, e como as redes pessoais interferem no processo. O resultado é surpreendente.
As pessoas que tem amigos obesos, por exemplo, tem 171% (isso mesmo, 171%) a mais de risco de também ganharem sobrepeso em comparação com quem não se relaciona com os mais “gordinhos”. Com o fumo, a pesquisa mostrou que pessoas param juntas de fumar. Se os amigos próximos não param, as chances da pessoa conseguir largar o tabaco são mínimas.
Ou seja, práticas, ideias e conceitos são contagiosos dentro das redes sociais. As conexões entre pessoas tem uma influência sobre o indivíduo maior do que imaginamos. Sem nos darmos conta, muitos de nossos comportamentos simplesmente refletem nosso grupo. Até a felicidade se espalha por meio de associações de pessoas. A pesquisa aponta que cada amigo feliz aumenta em 9% as chances de uma pessoa também ficar sorrindo, enquanto um aumento de salário de U$ 400 por mês (nos EUA) tem apenas 2% de poder sobre seu humor.
O que a internet está fazendo é simplesmente tornar estas redes mais rápidas, abertas e poderosas. Mas não maiores. Na média, cada usuário tem cerca de 110 amigos no Facebook. Ao estudar a ferramenta online e compara-la com as redes offline, Christakis e Fowler perceberam que elas atuam de forma muito similar. A aposta deles é que, como no mundo real, as pessoas que usam mídias sociais na internet possuem dezenas de conhecidos e alguns poucos amigos íntimos, que são quem realmente influem em nossos hábitos e opiniões. Na média, cada usuário do Facebook (pela análise feita pelos pesquisadores) possuí 6,6 amigos próximos, o mesmo número internacionalmente aceito para os camaradas de carne e osso, entre 4 e sete.
Outro ponto importante é que, seja dentro ou fora da internet, o poder de influência se reflete sim em outros níveis de relacionamento (os amigos dos amigos) mas só até o terceiro nível, depois perde força – e aqui estamos falando de influência, não de informação, que consegue se espalhar de maneira viral, muito forte e rápido, no mundo online.
Se o boca a boca é tão forte (a pesquisa mostra que a opinião de amigos pode ser mais relevante que a do marido ou esposa), porque tantas empresas ainda relutam em usar as mídias sociais na internet? Ferramentas como Facebook e Twitter não podem ser portas de entrada para redes que existem desde sempre? Falamos sobre algumas destas barreiras no próximo post.
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