segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Humano 2.0

A querida Anaik me mandou mais uma dica. Desta vez um artigo do New York Times onde Farhad Manjoo descreve o teste que fez de diversas ferramentas disponíveis no universo digital para reduzir as distrações de quem usa o computador profissionalmente e melhorar o foco no trabalho.

O ponto de partida de Farhad é cartesiano. Depois de revolucionar a produtividade humana, o computador se tornou uma das maiores fontes de entretenimento da História. Desde noticias em tempo real ao novo e mais interessante vídeo que está “bombando” (ainda se usa esta expressão??) no You Tube, passando pelos comentários de amigos no Twitter e Facebook, estas máquinas estão cheias de apelos para a distração.

Esta demanda gerou diversos programas que podem desde medir o tempo que o usuário destina para cada tipo de aplicativo no computador, alertando o quanto somos “dispersos”, até aplicativos que, simplesmente, bloqueiam total ou parcialmente nosso acesso à internet e programas correlatos. O mais divertido deles promove uma volta ao tempo de duas décadas e gera um processador de textos parecido com o Word dos anos 80 reina sozinho na tela, fazendo “desaparecer” todos os ícones dos demais programas, em especial os que ficam “chamando” para a distração, como o Y!Messenger, por exemplo.

Mas, como quase sempre, o melhor ficou para o final. Depois de bloquear seu acesso às “frivolidades” digitais, Farhad conclui que segue sem continuar focando no trabalho. Apenas troca a distração. No lugar da internet, se vê brincado de cortar frutas enquanto escreve. Nas palavras do colunista no NYT, talvez o cérebro dos que trabalham com criação, caso de jornalistas, precise mesmo ficar fora de foco de tempos em tempos.

Vou além. Já li diversos artigos afirmando que os jovens de hoje, que cresceram com acesso à internet, desenvolveram uma capacidade diferenciada de desenvolver diversas tarefas simultaneamente. Tenho um filho de 17 anos cuja rotina é ouvir música, assistir TV (sem som), jogar seu PS3 e navegar pela internet. Tudo ao mesmo tempo. E, já testei, o pior é que ele sabe, por exemplo, o que está acontecendo no programa de TV no ar naquele momento. Infelizmente para a minha aposentadoria não acredito que meu garoto seja um superdotado.

Mais do que ampliar a “capacidade de processamento” de nossa cabeça, pessoalmente acredito que o acesso a estas diversas atividades e informações simultaneamente aumenta a possibilidade de inovação e incentiva a criatividade. Nunca o Homem produziu tanto conhecimento e jamais esta informação esteve tão disseminada. Minha opinião é de que, ao invés de limitar seu o acesso das pessoas ao Twitter ou Facebook, as empresas deveriam incentivar seu uso. Não me parece coincidência que praticamente todas as companhias brasileiras que receberam a indicação como as mais criativas do país pela Época Negócios tenham ferramentas internas de comunicação digital. É óbvio que a produtividade e os objetivos são importantes para toda organização. Mas não podemos encontrar um ponto de equilíbrio em que haja espaço para buscar e processar outras informações e referências? Será que não estamos desperdiçando boa parte de nosso próprio potencial?

Nenhum comentário:

Postar um comentário