quinta-feira, 2 de setembro de 2010

A TV do futuro tem cauda longa










A TV mudou. Mas continua a mesma. Nesta época em que tantos profetas garantem que as novas tecnologias baseadas na internet e no maior poder de processamento de dados de nossos equipamentos eletrônicos vai eliminar todos os veículos de mídia, sobrou até para a velha e boa telinha.

Com o crescimento da banda larga em países como os Estados Unidos, diversos serviços prometem entregar, nos computadores, conteúdo e entretenimento que pode substituir as emissoras tal qual as conhecemos hoje. Boxee, Google TV, Apple's iTV e mesmo a pirataria via BitTorrent oferecem filmes, séries e especiais a preços módicos ou simplesmente de graça. Além disso, agregam a comodidade de serem assistidos no momento em que o telespectador desejar, e não dentro de uma grade de horários definida pela emissora.

Em seu blog no Estadão.com, Rodrigo Martins cita pesquisa do instituto norte-americano PEW que aponta queda de importância da TV para o público daquele país. Segundo a enquete, a caixinha mágica é prioridade de consumo para 42% das pessoas. Este índice era de 64% há quatro anos. Após rápida enquete em seu Facebook, o Rodrigo avalia que muitos estão trocando a TV por vídeos no YouTube ou mesmo pelo velho e bom rádio. Interessante notar que, nos últimos anos, a audiência geral da TV no Brasil (número de aparelhos ligados) vem caindo de forma contínua.

Outra pesquisa norte-americana, porém, indica outro caminho. Segundo o site Gizmodo, pesquisa conduzida pelo New York Times e CBS News apontaram que 88% dos entrevistados no país do norte ainda são assinantes de TV a Cabo. Para o Gizmodo, o que fideliza o telespectador são programas esportivos ao vivo, o desejo de assistir os capítulos de algumas séries em primeira mão, a diversão gerada por simplesmente mudar de canais aleatoriamente e a (ainda) falta de qualidade nos vídeos longos acompanhados ao vivo na internet.

Talvez o que estejamos testemunhando seja a chegada da era da abundância à comunicação audiovisual. Ok, a TV a cabo já entrega mais de 500 canais hoje aos telespectadores norte-americanos. Mas a web não está se configurando como um competidor e sim como uma fonte de ainda mais opções. E, na média, o que o público está fazendo é ficando com tudo – mesmo que dividindo seu tempo entre as diversas possibilidades.

O fenômeno atinge a ponta da produção. Seguindo o roteiro do efeito “cauda longa” descrito por Chris Anderson, a possibilidade de distribuição barata e ilimitada amplia o leque de conteúdos ofertados. E, seguindo esta tendência, diversas marcas se adiantam para gerar ou patrocinar conteúdo relevante para seus públicos.

O encarte do The New York Times na Folha de S.Paulo da semana passada relata o caso de uma série criada para ser exibida na web sobre o cotidiano de uma trabalhadora comum que é patrocinada pela rede Ikea (aonde trabalha a personagem principal). Os episódios são um sucesso, com mais de 1,5 milhões de acessos mês. Aqui mesmo no Brasil, mas na TV aberta, a Nestlé patrocina e participa do conteúdo da inovadora série “Tô Frito”, exibida na Band e MTV.

Os otimistas olharão o copo meio cheio e dirão que teremos cada vez mais conteúdo disponível quando e onde desejarmos. Os pessimistas dirão que vai haver cada vez mais lixo circulando, num tipo de “poluição cultural” que vai gerar idiotas digitais. E os inseguros continuarão ligando na mesma emissora aberta de sempre. Bom ou ruim, o futuro já começou. Faça bom proveito.

Um comentário:

  1. É isso aí! Já tenho meu computador ligado à TV há um bom tempo. O leque de opções se abre absurdamente, mas o hábito de assistir TV continua firme e forte (no ano passado, o verejo vendeu mais TVs de tela plana do que computadores). E vai se fortalecer com a interatividade (que é o que as pessoas mais querem hoje em dia) e as novas tecnologias, como o 3D.

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