terça-feira, 14 de setembro de 2010

Pensar é moer, moer é pensar



O cinema nacional parece finalmente acordar para os novos tempos. Fiquei muito bem impressionado com “Reflexões de um Liquidificador” não apenas pelo filme em si (uma bela e curta comedia de costumes falsamente despretensiosa) mas por toda a ação desenvolvida em torno dele. Pelo menos aqui em São Paulo.

Como costuma acontecer, meu primeiro contato com o filme foi o trailer que, preciso confessar, não me fez colocar a película (ainda se pode chamar um filme de película?) na lista de próximas a serem assistidas. Minha mulher, que estava comigo, se entusiasmou ainda menos. É importante notar que costumamos dar preferência às produções nacionais e que temos em casa, por exemplo, o DVD do ótimo “Saneamento Básico”.

“Reflexões” tinha tudo para cair no esquecimento até que um dia, checando novos seguidores no Twitter, dei de cara com o perfil @oliquidificador . Sim era ele, o personagem principal do filme, levando suas reflexões insólitas às redes sociais. Percebi então que havia algo mais naquela história.

Numa tarde de emenda de feriado decidi finalmente assistir “Reflexões de um Liquidificador”. Saltei do metro na Paulista e desci até o Espaço Unibanco da rua Augusta. Enquanto esperava na fila da bilheteria, outra surpresa: todo o cinema estava “vestido” com o tema da fita. Mais que isso: um cartaz apresentava a programação paralela do filme: curta-metragens abrindo as sessões, descontos para os horários da tarde e apresentações diárias de stand-up comedy no final do último horário.

Bingo! Transformaram a exibição num evento maior, agregando outros elementos, inclusive do teatro, gerando conteúdo para divulgação e ampliando a visibilidade do filme. Para complementar, o trabalho no Twitter busca causar estranhamento e gerar o boca-a-boca entre os formadores de opinião (sem cair no lugar comum de ficar divulgando horários e endereços das sessões etc.). Finalmente uma estratégia abrangente e inteligente de comunicação para o cinema nacional.

E os resultados? Bom, depende da expectativa. “Reflexões de um Liquidificador” não é o novo “Se eu fosse Você” e está longe dos primeiros postos da bilheteria brasileira. Mas está a várias semanas em cartaz em São Paulo e, no dia em que fui, com a sala cheia. O perfil do Twitter tem pouco mais de 300 seguidores, mas acho que o foco é mais qualidade do que quantidade.

Minha opinião, vendo de fora, é de que faltou um pouco de verba para divulgar melhor este trabalho. Pesquisando na Internet, por exemplo, não achei em lugar nenhum informações sobre a programação paralela no Espaço Unibanco. Se eu não tivesse ido ao local, talvez jamais tomasse conhecimento disso. Também acho que o liquidificador poderia ser mais ousado. Pedi a eles uma entrevista para o blog da XPress e, depois de aceitarem receber os dados sobre quem iria falar com “ele” jamais entraram em contato. Uma pena, pois uma estratégia tão diferenciada não merece morrer na praia. Afinal, “pensar é moer, moer é pensar”.

2 comentários:

  1. PS - Depois deste texto ser publicado, o André Klotzel, diretor de "Reflexões de um Liquidificador" se comprometeu a dar entrevista para o www.xcomunicacao.com.br Valem conferir.

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  2. Também gostei muito de Saneamento Básico. Ultimamente, tenho visto bons filmes e documentários sozinha, pq meu gosto tem se diferenciado dos demais...enfim.

    Vou colocar este na minha lista!
    Ontem assisti ao remake de "Karate Kid". Vc já viu? Pena que as suas crianças são muito novinhas, senão iriam adorar. Mas para elas, tem o "Meu Malvado Favorito", e vi que ainda está em cartaz! Vale cada centavo!
    bjos

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