domingo, 8 de agosto de 2010

Descobertas CoffeeBreak: pires é o culpado pelo aquecimento global





Tomando café da manhã num hotel, pego uma xícara grande na pilha à minha frente. O objetivo é claro: buscar na cafeína algum alívio ao mau humor por estar trabalhando em pleno domingo. Simpático, o garçom me pergunta se quero um pires. Agradeço e digo não, disfarçando a raiva (absolutamente gratuita e injustificável) por terem me desviado do foco principal de existência naquele preguiçoso momento: litros e litros de café!

Depois, já sentado e saboreando a bebida, acabei me sentindo grato pela pergunta. Gerou a ideia deste post: para que, enfim, serve um pires?

Não, por favor, não pare de ler agora. A questão terá um sentido prático além do fastio matinal deste escriba. No momento em que a Humanidade é chamada a rever seus hábitos de consumo, com o desafio de continuarmos alimentando propriamente os bilhões de habitantes de nosso periclitante planeta azul nas próximas décadas, para que precisamos de um pires?

Não tenho absolutamente nada contra este pequeno e até simpático objeto, que muitos confundem, injustamente, com um prato de reduzidas dimensões. Alguns, fruto do trabalho de ótimos designers, oferecem formatos e cores inovadoras. Mas o ponto aqui é sua função prática. Qual seria? Evitar que gotas de café ou outra bebida menos nobre caiam no chão ou na mesa? (se eu fosse do tipo com humor negro e politicamente incorreto, escreveria agora algo como: por favor! Se você tem mais de cinco anos de idade, a menos que você sofra do Mal de Parkinson, tem a obrigação de conseguir beber seu café sem deixar que caia uma gota).

Nisto preciso render homenagem aos norte-americanos que, com sua praticidade, introduziram a mug, caneca que, além de receber uma quantidade substancial de café, elimina o uso de pires.

Imagine quantos milhões de litros de água seriam economizados em todo o mundo se ninguém mais usasse – e, por conseqüência, lavasse – o pires? E quantos litros a menos de detergente seriam jogados nos rios e lagos?

Apesar do tom jocoso, isto é sério: mudanças aparentemente pequenas em hábitos cotidianos podem ajudar muito a reencontrarmos o equilíbrio do planeta. No restaurante buffet do mesmo hotel onde me ofereceram o pires, passei a usar o mesmo prato quando queria repetir um alimento (a não ser, claro, que houvesse tomado sopa de entrada).

Esta é uma visão que pode (e deve) ser assumida pela indústria também. Que me perdoem os fabricantes de embalagens, mas porque preciso de uma caixa de papelão em volta de minha pasta de dente? Ou qual a função da caixa de cereais se dentro os flocos de milho estão envoltos num saco plástico? Não poderia ser como a granola, que vem direto numa sacola plástica? São apenas alguns exemplos (você leitor seguramente vai lembrar muitos outros).

O problema aqui (como em quase tudo) é que estamos tão acostumados a fazer, comprar e usar as coisas de determinada forma que não percebemos como podemos mudar nossas atitudes para fazer a diferença. E cobrar isto de quem fabrica o que compramos. Menos embalagens, com materiais recicláveis. Uso mais inteligente de objetos cotidianos. Isto é consumo inteligente. E sem pires, por favor.

6 comentários:

  1. Eliminemos as embalagens dos cereais. Tiremos as embalagens que envolvem as pastas. Vou até mais longe, acabemos com o plástico que protege os sabonetes, pois temos as caixas de papel, mas por favor, por favor, não vamos acabar com os pires. Pensai no charme de degustar um cappuccino e no estalar, após levar a boca, da colher no PIRES. Eles são indispensáveis. Admita!

    Que bela reflexão em cima de um pires. Parabéns.

    Mateus

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  2. Mateus,

    Quando lí no twitter que vocês estavam "protestando", por um momento achei que, como gauchos que são, iriam propor a cuia do chimarão como solução para o fim do pires e com maior aproveitamento por lavagem... (rs)

    Meu Cappuccino eu tomo direto na canecona (mug) sem pires e com o mesmo charme. Melhor ainda se, no mesmo momento, estiver lendo http://ocappuccino.blogspot.com/

    abs,

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  3. noves fora, estou convencido: de hoje em diante, Pires, só a Cléo (infame).
    ótimo texto e bela trinca. texto aqui, no O Cappuccino e no www.xcomunicacao.com.br.
    abraço, cumpadri

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  4. Belo texto, Guilhermo. E o melhor de tudo: trabalhamos juntos nesse domingo infame (só não mais infame do que a Cleo "pires" do Rodrigo) rs
    Grande abraço!

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  5. Mas afinal, para que serve o pires???

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  6. Jesus!, é um texto bem interessante sobre o quanto de água poderia ser economizado, mas temos sempre que lembrar das tradições, porque para os britânicos tem muito valor a tradição de se tomar o chã com toda elegância possível. O tradicional chã da tarde (traditional afternoon tea) pode ter perdido a graça para os novos servos da rainha, mas vá dizer isso para uma senhora que tem conjuntos antigos & raros, e caros de varias formas como porcelana "por exemplo" que isso é destrói mais ainda as reservas de água potável do planeta, o máximo que se espera ouvir bem humorada dela é : to nem ai, vou morrer mesmo..... kkk...

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