sábado, 21 de agosto de 2010

Bem vindo à era da complexidade






Complexidade é o nome do jogo a ser jogado a partir de agora. Quanto mais a ciência e a tecnologia avançam, mais o óbvio fica claro: quase nada é tão simples quanto parece. Da obesidade ao resultado de nossos projetos profissionais, a quantidade de fatores envolvidos para gerar determinado efeito é enorme. E, para deixar as coisas mais divertidas, os vários elementos envolvidos interagem entre si e o resultado final é uma delicada trama onde todos tem um importante papel enquanto grupo.

Um bom exemplo vem da genética. Alguns anos atrás, quando cientistas começaram o trabalho de seqüênciar o DNA de diversos animais, entre eles o Homem, a expectativa era de que este mapeamento iria permitir, por exemplo, programar como nossos filhos seriam – a cor dos olhos, cabelo, pele, altura etc. A lógica parecia então irretocável. Sabendo qual gene é responsável por cada característica, seria possível “ler” como um embrião seria e, claro, mudar os genes que fossem necessários.

Infelizmente a realidade é bem mais complexa. Não é apenas um, mas sim um conjunto de genes que determina cada característica. E a interação entre eles ainda é desconhecida para a ciência. Precisamos começar a pensar muito além da velha fórmula de causa e efeito. A realidade, muitas vezes, é contra-intuitiva e desafia nossa visão simplista.

O sempre seminal Clive Thompson, num artigo para a Wired de Abril deste ano, aborda bem a questão a partir de um exemplo diferente. O último inverno foi especialmente rigoroso nos Estados Unidos. Com tamanhas tempestades de neve, muitos analistas começaram a questionar o aquecimento global. Afinal, as temperaturas não estavam aumentando? A resposta neste caso nem é tão complicada. A análise da tendência de temperatura deve ser feita no longo prazo, a partir de dados estatísticos de décadas, e não apenas a partir do curto prazo.

Para Thompson, a saída é aprender a ler estatística. Nunca antes o Homem teve acesso a tamanha quantidade de dados. Algoritmos em máquinas cada vez mais rápidas e potentes tentam ordenar estas informações. A matemática enxerga ordem no caos (vide o fenômeno da Cauda Longa) e o que nos resta é aprender a enxergar mais longe do que o senso comum.

Para quem trabalha com comunicação, o desafio é ainda maior. Para tornar uma informação fácil de ser compreendida para um público mais amplo, o comunicador normalmente tenta simplificar conceitos. Neste processo, um dos filtros mais importantes é exatamente o senso comum, paraíso de populistas e manipuladores.

Não há resposta pronta para esta questão. Apenas a certeza de que é preciso apurar o olhar e abrir a mente para questionar, em especial as soluções fáceis.

2 comentários:

  1. Belo post, Guilhermo. A propósito, peguei a Wired e outras revistas bem interessantes aqui na big apple, falta o beagle com cheesecake. lol

    Grande abraço!

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  2. Brunão,
    Que bom que vc está curtindo NYC. Inveja branca... depois me conta das outras revistas, mas não perde o bagel c/ cream cheese dai por nada velho.

    abs

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