terça-feira, 20 de abril de 2010

Nos Bastidores do Lançamento do iPad





Há duas abordagens para CoffeeBreak comentar o lançamento do iPad: a vencedora estratégia de comunicação da Apple e nosso pitaco na discussão mundial sobre o futuro do aparelho (será ele uma inutilidade total ao apenas reproduzir parte das funções do iPhone com uma tela maior ou o tablet de Steve Jobs vai revolucionar o mundo?).

Pensando na comunicação, ela foi perfeita. Seguramente planejada com antecedência para criar diversos momentos e enfoques para repercussão na imprensa. Uma das grandes “sacadas” da comunicação da Apple é o pré-lançamento. Aproveitando blogs e demais veículos das redes sociais, a empresa, de forma bastante cuidadosa, deixou “vazar” a novidade.

O cuidado acontece na forma como o vazamento ocorre: fontes em of começam a comentar o que seriam informações de bastidor com semanas antes do anúncio. Num dos posts que li neste período, por exemplo (acho que no Mashable), o autor escreveu que um profissional da Apple disse ter visto caminhões e mais caminhões cheios de livros chegando na sede da empresa em Cupertino, Califórnia.

Trata-se de uma estratégia ousada. Normalmente as corporações repreendem funcionários que passam informações de bastidor para jornalistas (ou blogueiros). É uma forma de manter o controle dos dados e evitar que concorrentes ou investidores saibam de fatos que podem ter reflexo em seu desempenho. De alguma forma a Apple se organizou para que alguns profissionais assumam o papel de informantes da imprensa mas apenas levando dados “inofensivos”. Haja disciplina.

O importante, ao menos para a empresa, é que a ação funciona. Ainda mais porque, oficialmente, a comunicação corporativa da Apple nega sempre os “rumores”, o que só faz aumentar o debate (é este fato que me faz crer que o vazamento não sai da comunicação, que depois não teria credibilidade para suas negativas). Para aquecer o boca a boca, em algum momento a companhia informa a imprensa que fará um anúncio, mas não revela o assunto. Todos perguntaram, neste caso, se era o tablet, e a resposta oficial foi não.

Resultado: no dia do lançamento estavam TODOS lá – blogs, sites, imprensa tradicional, ansiosos para saber se era ou não o iPad. No fundo, todos já sabiam, mas ninguém tinha certeza. O cenário ideal para chamar a atenção e aumentar a curiosidade (e se for o tablet, como será?).

Outro detalhe importante nestes lançamentos da Apple é que eles ocorrem com a antecedência certa de sua chegada ao mercado. Tarde demais para a concorrência copiar, mas com tempo para criar a ansiedade pelo novo produto nos consumidores e, na imprensa, gerar um terceiro momento, a análise da novidade, que finalmente estará em suas mãos.

Claro, tudo isto só funciona porque os produtos são realmente inovadores e conseguem gerar o interesse e curiosidade da imprensa e do público final. E, como no pôquer, é preciso variar a estratégia para não ficar previsível. Se a Apple, por exemplo, continuar sempre negando fatos que depois serão confirmados, vai perder a credibilidade.

Mas, para quem trabalha com comunicação corporativa (como eu), fica um interessante estudo de caso. Especialmente quanto a integrar os blogs e mídias sociais num plano de divulgação para a imprensa, o que mostra, mais uma vez, que o papel de liderar a relação entre empresas e as redes sociais é do PR.

PS – O palpite do CoffeeBreak sobre o iPad fica para o próximo post.

2 comentários:

  1. Concordo que o papel de administrar e promover a comunicação corporativa nas mídias (e redes) sociais é do PR. Mas na prática acontece algo que muda um pouco esta teoria, por exemplo, hoje, cargos de chefia em departamentos de comunicação nas empresas são geridos por engenheiros, advogados, administradores, que muitas vezes nem especialização em comunicação fizeram. E estes mesmos contratam - para cargos operacionais e táticos - relaçoes públicas, jornalistas e publicitários. Por isso, no twitter, escrevi que não necessariamente é o RP o responsável, pois o que importa para mim é a competência (e olha que sou RP). E a competência não leva em conta o diploma. Claro que na teoria o curso deveria formar o profissional completo e apto a trabalhar em todos os meios de comunicação, seja online ou offline. Mas na prática não é assim também, então cito a competência como fator essencial e não o diploma. Mas quero deixar claro que na minha opinião, o PR deve liderar tanto no off quando no online estas relações de comunicaçao entre empresa/públicos em qualquer meio/plataforma/ferramenta.

    Falando em estratégica de comunicação da apple, segue um link bem interessante > http://www.brainstorm9.com.br/2010/04/19/iphone-4g-marketing-viral-perda-ou-roubo/

    MATEUS

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  2. Mateus,

    Concordo com você. O ponto aqui não é a formação academica (se é um profissional de Relações Públicas, Jornalismo, Publicidade ou Direito). Meu ponto é mais da atuação profissional, do mercado em que esta pessoa está inserido. Penso nas agências, mais do que nas pessoas. O que vemos hoje são agências de publicidade, com profissionais que pensam de forma comercial (campanha, promoção, venda, participação de mercado) assumindo a gestão das mídias sociais de grandes empresas. Acho que este papel deveria ser das agências de comunicação corporativa. E não apenas por trabalhar numa delas, mas se trata de conteúdo e relacionamento em (pensando no Twitter, por exemplo) 140 caracteres - um poder de síntese próprio de redação jornalístca. O que você acha?

    abs,

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