terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Trabalho em casa: uma proposta para os governantes






Volto ao tema porque ele repercutiu e acho que vale fomentar o debate. Começo a manhã lendo no Twitter post da @veja sobre o primeiro dia de trégua depois de 47 dias seguidos de chuva. Tema de capas de revista e especiais na TV, o fenômeno meteorológico é o assunto deste pré-Carnaval.

Só que, mais do que munição para os profetas do eco-apocalipse afirmarem que o aquecimento global etc etc etc, as constantes tormentas mudaram a vida de quem mora em São Paulo. E para muito pior. Além do óbvio sofrimento com enchentes, perda de dezenas de vidas e milhares de veículos, temos o impacto no trânsito, que afeta todos os paulistanos, independente de idade ou classe social.

E este impacto, antes concentrado no período da chuva em si – que na maior parte das vezes ocorreu no final da tarde, pleno rush do retorno às residências, agora se ampliou para o dia inteiro. Explico: como eu, acredito que a maioria de vocês leitores já recebeu pelo menos um convite para reuniões ou encontros de manhã ou, no máximo, no início da tarde, acompanhado do comentário “antes que comece a chover”.

Isto mesmo. As chuvas criaram uma nova regra e agora todos querem resolver seus problemas que envolvem locomoção, seja ir ao banco ou ao médico, seja um encontro de trabalho, antes do meio da tarde. Óbvio que os reflexos no trânsito foram imediatos. Agora estamos assim: congestionamento de tarde por conta da chuva e também de manhã por conta de todos os que querem fugir das precipitações.

Sem medo de ser repetitivo – ou melhor, assumindo mesmo a repetição – volto a bater na tecla do trabalho à distância, em casa, como um bom remédio para esta situação (e mesmo para o caos no trânsito em geral, independente das chuvas). Semana passada, em reunião com um cliente da XPress, discutimos novas tecnologias que permitem empresas integrarem seus funcionários via internet de maneira simples e rápida, com softwares disponíveis on-line (não é preciso nem mesmo instalar na máquina do profissional).

Hoje temos no Brasil uma banda larga de internet ainda cara e restrita a poucos. Giovana Battiferro (@giovanab) propõe que o governo conceda desconto para usuários pessoais que comprovem o uso da rede para trabalho em casa. Seria mais barato do que continuar ampliando eternamente as congestionadas vias de acesso a qualquer ponto da cidade e geraria um impacto positivo em diversos aspectos, da produtividade e capacidade de inovação das empresas ao impulso da educação e cultura. Simplesmente genial, não é Serra? Dilma?

Acredito que as empresas que começarem a se preparar hoje para ter uma rede de profissionais flexível, com dias de trabalho em casa e outros no escritório, podem ter uma grande vantagem competitiva no futuro. E os líderes políticos que incentivarem esta prática mostram a capacidade de buscar um país mais moderno. Ou será que vamos deixar nosso preconceito e a eterna desconfiança no outro nos escravizar a um padrão do século XX?

2 comentários:

  1. A capa da Veja sobre as inundações é um desatino conceitual: porque aquela mão mantém o guarda chuva acima da água que cobre tudo? Na condição que a ilustração descreve, é pura retórica visual.

    ResponderExcluir
  2. olá
    Parece-me que 2010 já se iniciou como o ano das tragédias e veio o "analgesico" do carnaval pra nos fazer pensar na sociedade só depois da quarta-feira de cinzas...

    Essa idéia do trabalho a distância é inovadora e tem crescido nas grandes empresas, pena que na esfera pública as transformações são tão mais lentas, mas vamos ter esperanças.

    A começar vamos alfabetizar digitalmente o povo todo desde lá de cima(os politicos) até lá embaixo(na periferia)porque infelizmente eu não creio que o brasil mude se as pesoas não mudarem antes.

    Abraços.

    ResponderExcluir