quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Errar é humano. Proibir o erro é burrice


















Steve Jobs, que antecipadamente está sendo eleito CEO da década, falhou. Foi expurgado da Apple e teve que recomeçar com outra empresa até seu retorno triunfal. A Microsoft, do bilionário Bill Gates falhou e falha muito. Lança programas cheios de erros que vai corrigindo aos poucos e alguns, como o Windons ME, que são impossíveis de corrigir. O Google falhou. Quase sem querer saiu na frente na corrida pelas redes sociais mas não teve habilidade para transformar o Orkut na plataforma mundial da web 2.0, abrindo espaço para o crescimento do Facebook.

Mas isto é ótimo! Mostra que estas corporações, estes líderes, estão abertos ao risco, outro lado da moeda da inovação. Se, como os gurus corporativos falam, não há futuro sem inovação, também é verdade que ninguém inova sem apostas. Ser o primeiro exige coragem de desbravar novos caminhos e paciência para lidar com resistências.

Estamos na moda. O Brasil é a nova aposta mundial. Mas um dos nossos telhados de vidro é exatamente a aversão nacional ao risco. Mais que isto. Diversos especialistas afirmam que o brasileiro lida muito mal com a falha. Minha experiência profissional me faz crer que sim – apesar da falta de um ponto de comparação com outras culturas onde o erro seria visto como um caminho para o acerto.

O que percebo - e, por favor, esta é apenas minha visão pessoal, é que, diante do erro, sempre queremos buscar um culpado. Localizado e punido o bode expiatório, seguimos em frente. Se a concorrência inova, alguém grita lá de cima “porque não (quer dizer vocês) não pensamos nisto antes?”. E logo começamos outra busca por culpados – “porque nos (vocês) não fomos pró-ativos?”. A energia que deveria estar dedicada à inovação, ao trabalho produtivo, vitorioso, vai pelo ralo numa espiral negativa de esconder nossos erros e buscar outro para colocar a carapuça da culpa.

Vicente Falconi, em seu seminal livro “O Verdadeiro Poder” afirma que as lideranças deveriam ficar satisfeitas ao se depararem com um problema. Afinal, trata-se de uma oportunidade de avançar. Muito pior é não entender onde estão nossas falhas e seguir sem correção. Também afirma que, ao se deparar com um erro, uma meta não atingida, desculpas são “ridículas”. O que se deve buscar é entender a origem do que não deu certo e tentar descobrir como o processo deve ser corrigido. É assim que se avança.

Há mais de quinze anos, ainda no começo de minha carreira, caiu em minhas mãos um livro cuja proposta era oferecer conselhos de executivos e lideranças de sucesso para quem estava começando (não lembro o título da obra, que deve estar fora de catálogo pois não localizei nada em pesquisas na web). Umas das dicas mais recorrentes era “erre, erre muito enquanto você pode”. Naquela época ainda não tinha maturidade para entender a mensagem, mas hoje percebo que, junto com a visão da importância da falha para a aprendizagem, para a abertura de novos caminhos, o texto embutia o limitador “enquanto você pode”. Acho que o momento pede que aprendamos a errar, e a transformar nossos erros na nossa grande escola para o sucesso.

2 comentários:

  1. Prefeito Guilhermo. Sou um grande adepto desta filosofia.

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  2. Mencionei seu blog no http://consiliencia.blogspot.com/2011/05/errar-e-humano-mas.html

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