quarta-feira, 18 de novembro de 2009

As redes sociais podem aumentar a sua produtividade?

Todos os grandes veículos da mídia tradicional deram com destaque. Uma pesquisa internacional calculou o tempo médio que os profissionais ficam nas redes sociais quando estão no escritório e decretou: ferramentas como o Twitter estão gerando prejuízos milionários às empresas. Será mesmo?

Corte. Mudança de cena. Vicente Falconi é um ícone da “velha guarda”. O “pai” dos consultores, Falconi aprendeu com os japoneses todos os segredos do método cartesiano de gestão. Como colocar tudo no papel, buscar o máximo de eficiência com o mínimo de custo. Trouxe o método ao Brasil e ganhou merecida fama e alguma fortuna. Estou lendo seu novo livro, “O Verdadeiro Poder” (editado por sua empresa, o INDG) e nele descobri que Falconi hoje questiona o valor da experiência. Não que ela não seja necessária, ao contrario, mas, num momento de grandes revoluções tecnológicas, a busca do contínuo conhecimento, sua permanente renovação, tem tanto ou mais peso no sucesso das empresas. Humm, busca permanente do conhecimento que está sempre se renovando. Ok.

Agora outro pensador, da “nova guarda”. Em seu artigo para a Wired de novembro, Clive Thompson questiona toda a cultura corporativa de valorização do foco no ambiente de trabalho (CoffeeBreak também já discutiu isto nos testos “Humano 2.0” e “Quer inovar, crescer e liderar? Perca o foco!”). O ponto de Thompson são recentes pesquisas sobre o funcionamento do cérebro que estariam mostrando a importância de divagar para a solução de problemas pessoais e profissionais. Um estudo de 2007 mostrou que, em média, passamos um terço do tempo “sonhando acordados”. É muito tempo. Tanto que alguns cientistas começaram a acreditar que esta atitude tão condenada poderia ter alguma função prática ainda desconhecida.

Exames de imagens identificaram que, enquanto alguém divaga, ativa regiões cerebrais associadas às memórias de longo termo e, mais interessante, à resolução de problemas. Baseado nestes resultados, alguns estudiosos como o norte-americano Jonathan Schooler começam a crer que, enquanto foge das tarefas cotidianas, a mente na verdade busca se concentrar em atividades criativas e em saídas para questões mais profundas. Muitas “sacadas” podem surgir exatamente nestes momentos (agora pense, você mesmo já não achou a solução que buscava, como que vinda do nada, numa situação destas de total distração, quando nem pensava na questão?).

Meu ponto é: se, como diz Falconi, vivemos numa época em que a busca constante pelo conhecimento é chave para o sucesso e, como suspeitam os cientistas citados por Thompson, a falta de foco eventual pode ser crucial para alcançarmos soluções criativas, então o uso da internet nos escritórios, e das redes sociais em especial, deveria ser incentivado como ferramenta de produtividade, não o contrário. É óbvio que isto não se aplica a funções basicamente operacionais. Mas se o seu trabalho envolve pensamento, inteligência, busca de soluções – e não apenas o preenchimento de planilhas, então não se sinta culpado ao abrir o Twitter ou Facebook e aprender o que está acontecendo além das quatro paredes do seu cubículo.

Um comentário:

  1. Belo texto. Concordo quando separa as atividades no trabalho. Um trabalho mecânico com certeza será prejudicado pela desatenção que as redes podem causa. Também dependo de como é medido esta produtividade. Já li na internet estudos que apontam que o uso de redes sociais e programas de conversação aumentam a produtividade, como o post de mauro segura no AQO http://aquintaonda.blogspot.com/2009/04/os-funcionarios-que-usam-redes-sociais.html e também já li outros que apontam que diminui. Depende muito de como a pesquisa é realizada. Creio que para qualquer função, desde que usada de forma consciente, é produtivo.

    MATEUS

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