terça-feira, 10 de novembro de 2009

Experiências CoffeeBreak: andando por São Paulo


Experimente andar pelas ruas de uma grande cidade como São Paulo. Deixe o carro na garagem, se despeça do trânsito e caminhe. Ê uma experiência singular. Mas cheia de percalços. E o desrespeito de motoristas é apenas um deles.

Não, São Paulo não é Londres. Ninguém vai parar o carro quando você colocar o pé na faixa de pedestres. Ok. Mas o detalhe é que você não vai conseguir atravessar na faixa em momento algum (exceto se houver um semáforo). Carros saindo das garagens também são um risco – como ousa um simples pedestre na calçada atrasar a passagem de um veículo motorizado?

Mas o pior susto que levei em minhas andanças foi com um motociclista que decidiu subir na calçada para chegar mais rápido a uma loja e passou a alguns centímetros deste escriba.

E os veículos não são as únicas barreiras a quem quer se locomover com as próprias pernas na capital paulista. As calçadas, em geral, são pensadas para quase tudo, menos para ser o espaço de pedestres. Buracos, postes, bancas de jornais (que eu adoro), lixeiras e agora, com a ótima lei anti-tabaco, enormes cinzeiros de concreto disputam espaço com o transeunte.

E as obras? Durante meses a construção de um novo prédio de escritórios na avenida Juscelino Kubistchek próximo à esquina com a Faria Lima, no sentido marginal – centro, praticamente obrigava pedestres a dividirem espaço com os carros e ônibus da via. Poucos metros à frente, outro obstáculo: a estrutura de metal e vidro de um ponto de ônibus ocupa todo o pouco espaço da estreita calçada.

Adoro bares, restaurantes. Melhor ainda se tiverem mesas na calçada. Um charme. Mas quando eles ocupam toda a calçada, algo está errado. Lembro que, até algum tempo, um ambulante, vendedor de sanduíches, montou uma verdadeira lanchonete na Vila Olímpia. Um toldo protegia da chuva os consumidores sentados em bancos e com seus refrigerantes apoiados em mesas metálicas. O detalhe é que toda esta estrutura estava na calçada. O toldo saia de uma van, estacionada, e era preso por ganchos numa parede, onde se apoiavam também as mesinhas. Lembro de me sentir incomodando os consumidores ao tentar passar pelo meio da “lanchonete”.

Em resumo: nossa cidade precisa aprender a respeitar seus pedestres. E isso só vai acontecer quando os tais “formadores de opinião” ocuparem suas ruas, quando andar estiver na moda, quando o carro for só um carro, e não uma prova ambulante de status social.

3 comentários:

  1. Acredito que só aprenderá a respeitar quando houver fiscalização. Quando houver castigo em dinheiro. Porto Alegre já sofre, nao tanto quanto SP, com alguns fatos relatados acima. Aqui a prefeitura está com uma campanha de conscientizaçao de trânsito. Olha no link http://www.novosinal.com.br/pmpa/index.html

    MATEUS

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  2. Mateus,

    ótima a iniciativa de PA! Aqui em SP o tema está relegado ao esquecimento. A prioridade é contruirmos ruas, para mehorarmos o tráfego, para termos mais carros e todos parados de novo. Hoje, caminhando, esbarrei com a melhor pixação de todos os tempos: na parede estava escrito "você é escravo do trânsito". Doeu na alma.

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