quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Desafio CoffeeBreak: um dia sem carro por semana e sua criatividade de volta 2

Num post há duas semanas soltei a proposta (afinal, algum maluco tem que começar a propor algo). Como sonhar é de graça, se todos aceitassem deixar o carro em casa uma vez por semana teríamos 20% a menos de veículos nas ruas. E não apenas no horário do rodízio, mas o dia inteiro. Quanto tempo nós ganharíamos para coisas muito mais divertidas do que ficar parado num engarrafamento?

Diminuindo não apenas a quantidade de automóveis circulando, mas o tempo que eles ficam ligados, teríamos uma redução ainda maior na poluição. Isto sim é atitude.

Mas estes argumentos meio hippies não comovem mais ninguém, não é verdade? Afinal, ficamos todos esperando que o outro comece a fazer o que não fazemos. Afinal, eu e meus amigos não representamos nada numa cidade com mais de seis milhões de carros, não é mesmo?

Como de hippie não tenho nada, meus argumentos são mais egoístas (apesar de achar que a melhora no trânsito já seja boa o bastante e que minha rinite alérgica agradeceria menos CO2 no ar).

Todos falam em inovação.Todos querem criatividade. Mas ela não vem do nada. É gerada com muito suor e uma bagagem cultural em constante ampliação, na qual uma abertura para diversas mensagens, imagens e pontos de vista tem papel fundamental. Experiências distintas, sair do seu ambiente e conhecer outros sabores, outros odores, outros referenciais é uma estratégia reconhecidamente poderosa para “turbinar” a criatividade.

Para quem, como eu, está viciado no (aparente) conforto do carro na porta, ficar sem ele periodicamente pode ser uma ótima ferramenta para aumentar a criatividade.

Um dos grandes argumentos dos defensores do transporte individual é a liberdade. Você pode sair de onde quiser e ir para onde desejar a qualquer hora. Claro, contanto que não seja seu rodízio ou que não esteja chovendo ou que não seja sexta-feira no final da tarde ou que, como minha mulher, você não leve 30 minutos apenas para sair do estacionamento de seu escritório (sim, é verdade).

Já ficar sem carro proporciona outra liberdade: a de escolher a melhor maneira de se locomover (mesmo que seja um carro, com um táxi ou uma carona). Quando você está de carro, nem pensa: vai e vem com seu possante. No máximo muda o caminho e tem a oportunidade de fica engarrafado num cenário novo. Sem ele, cada viagem abre um leque de possibilidades. Você tem que pensar qual a melhor opção, mesmo que seja não ir a lugar algum. Posso parecer inocente, e talvez esteja sendo, mas acho que estas experiências agregam, alargam os horizontes.

Estou longe de ser radical. Venho de uma família de classe média baixa que faliu nos 80. Na época de faculdade tinha três empregos e meu primeiro filho. Sem carro e economizando cada centavo, após o almoço andava meia hora até a rádio onde trabalhava de tarde. Meu sonho era o carro que só comprei anos depois. Pior, adoro dirigir, melhor ainda na estrada. Hoje, se optar pelo transporte público, levaria cerca de duas horas para chegar ao escritório toda manhã. Sem chance. Mas acho que podemos aprender a dependermos menos deste expediente, a buscar o equilíbrio e utilizar outras formas de locomoção só para variar. Segue o desafio. Que tal um dia sem carro por semana? Eu estou me reeducando.

3 comentários:

  1. Taí um baita desafio. É realmente difícil abrir mão da comodidade. Se o transporte público fosse decente seria tão mais fácil, não é? Mais essa "desculpa" já virou lugar comum, eu sei.
    Tenho mesmo pensando em formas alternativas de me locomover, já que perco em cerca de 2 horas e meia do meu dia para ir e voltar do trabalho.
    Tenho de trabalhar disfarçado (leia-se: de terno e gravata) e de bicicleta não dá nem para pensar, eu chegaria no batente “azedo” de suor. Tenho pensado numa motinho, ocupa menos espaço e tudo, mas ouvi dizer que em relação à poluição não é muito diferente do automóvel. Será?
    Parabéns pelo blog.
    Fernando

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  2. A propósito, esqueci me mencionar no meu comentário acima que hoje, dia 25 de setembro, é o "Dia Nacional do Trânsito."

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  3. Fernando,
    Obrigado pelo comentario querido. O importante e' buscar saidas. Elas existem. Pessoalmente sou fa da carona. E' simples e vc mantem praticamente toda a comodidade (so tem que ter um compromisso maior com horarios). Mas a moto pode ser uma saida. Ate' onde sei polui bem menos pois consome bem menos.

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