quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Crise de imagem na era digital: preparação em sete passos






A tecnologia, com a presença de câmeras em praticamente todos os modelos de telefones celulares, sendo que muitas alem de fotos registram vídeo, somada à explosão das mídias sociais, que permitem a disseminação imediata de conteúdo, gera um novo e explosivo cenário para quem lida com gerenciamento de crise dentro da comunicação corporativa.

Estamos todos, pessoas físicas e jurídicas, mais expostos. Do xingamento ao barbeiro no trânsito ao rato na praça de alimentação do shopping, situações que antes eram isoladas se tornaram passíveis de divulgação em massa. Enquanto alguns clamam que isto gera transparência e exige a melhor postura de todos, outros (entre eles este escriba) se preocupam com o fim da privacidade e o uso sensacionalista de imagens fora do contexto.

O ponto é que não há mais volta nem espaço para saudosismo barato. Os profissionais de comunicação corporativa devem estar preparados para este incrível mundo novo. Outra realidade inquestionável é que, por melhor que seja a operação, todos estão, em maior ou menor grau, em risco de crise. A diferença é como cada um lida com ela. Com a cara de pau que me é peculiar, listo abaixo alguns possíveis caminhos:

1. Evite situações de crise – óbvio: se já sabemos que todos os nossos atos estão expostos, devemos redobrar o cuidado com eles. Nas empresas, processos e pessoas que se envolvem com o público devem ser checados e aperfeiçoados continuamente. O treinamento constante deve envolver inclusive a “equipe lá da ponta”, que muitas vezes é esquecida. No caso do rato do shopping Iguatemi, por exemplo, eu ouvi muuuitas críticas ao fato do segurança colocar o corpo do roedor morto na lixeira da praça de alimentação.

2. Acelere os processos – timming é o nome do jogo em gerenciamento de crise. Da queda do avião ao tiroteio em frente ao centro comercial, a velocidade com que as informações corretas chega aos veículos de comunicação é que fará a diferença entre um desastre de imagem ou a reputação de quem enfrenta e resolve suas crises. Mídias Sociais e a possibilidade de todo e qualquer ser humano gerar conteúdo apenas incrementa a velocidade com que os fatos são divulgados. Crie processos claros e simples para que as informações sejam transmitidas imediatamente do local da crise até a equipe responsável pela estratégia de gerenciamento. Dica: defina pessoas chave para centralizar a coleta e transmissão dos dados.

3. A regra dos 4 T’s: treine, treine, teste e treine de novo – todos devem saber de antemão como agir. Definidos processos treine periodicamente todos (da chefia aos terceirizados) os envolvidos. Realize simulados sem divulgação prévia para medir a eficiência de cada envolvido. Deixe a máquina pronta e azeitada para a eventualidade de ser ativada.

4. Antecipe cenários – conhecer os telhados de vidro de sua operação é crucial. Coloque-se no lugar do cliente/usuário/colaborador e liste todas as situações negativas que eventualmente podem ocorrer. Reúna os cenários em grupos pela similaridade e desenhe possíveis ações a serem tomadas em cada um. Será mais fácil e, principalmente, rápido, agir numa situação real.

5. Monitore – ao contrario da imprensa, o cidadão comum não vai procurar sua assessoria de imprensa para ouvir o outro lado antes de publicar algo nas redes sociais. Assim, para responder com rapidez é fundamental saber o que se está falando a seu respeito em tempo real. Não espere a crise chegar na imprensa antes de preparar sua estratégia

6. Esteja presente nas redes – a dinâmica das redes sociais é simples: quanto mais seguidores você tem, maiores as chances de suas mensagens serem transmitidas para um público maior. Se a organização que é alvo de uma crise gerada nas mídias digitais, o ideal seria tentar responder no mesmo espaço, evitando que o processo se alastre. Para isso, porém, é importante já ter presença e manter um dialogo em, digamos, Twitter e Facebook pelo menos. Conquistar fãs que realmente confiem na marca/corporação e ajudem a disseminar suas mensagens faz grande diferença num cenário crítico.

7. Mantenha o dialogo em alto nível – todas as empresas e pessoas que tentaram agir de maneira mais impositiva nas redes sociais só conseguiram ampliar as criticas a seu respeito. Não tente tirar do ar fotos, filmes ou comentários a não ser que tenha um ótimo argumento (segurança de usuários, respeito à imagem de terceiros etc.). Muitas vezes admitir uma falha, mostrando empenho em corrigir processos e ressarcir lesados, é muito melhor que tentar ocultar a culpa. E ficar calado, normalmente, é assumir toda a responsabilidade, inclusive a que não lhe cabe.

2 comentários:

  1. Caro Guilhermo
    Recentemente assisti a uma palestra sobre este tema e, confesso, sai de lá com uma sensação boa, pois percebi que as estratégias, a prevenção e o gerenciamento de crises evoluíram sim, mas a ‘receita do bolo’ é praticamente a mesma – aquela que há anos trabalhamos e tentamos convencer clientes.
    Trabalhar na gestão de riscos, treinar, treinar e motivar colaboradores, estar preparado para mudanças, reconhecer o erro, pedir desculpas, ser humilde, honesto e transparente, monitorar a imagem da marca, etc, são medidas indispensáveis sempre.
    Penso que o que muda mesmo é a velocidade com que uma marca/empresa responde a uma possível situação de crise. As ações hoje precisam, sim, ser mais rápidas e eficazes, sem falar no contínuo trabalho de imagem em todas as plataformas.
    Enfim, um tema para muitos e muitos posts, não? Mas eu prefiro conversar pessoalmente, portanto vamos marcar um novo Japa com o pessoal de sempre. Que tal? rs
    Um abraço

    ResponderExcluir
  2. Andrea dear,

    Concordo com você. Quanto mais penso no que mudou, mais avalio que o ponto é a velocidade. Mas, para isso, temos que ter preparação. Este é o ponto. Com um sistema bem alinhado, profissionais treinados e testes simulados as empresas podem estar razoavelmente bem preparadas para este novo cenário de crise.

    Quanto ao japa, que tal nesta sexta? vc chama os outros?

    abs,

    ResponderExcluir