quarta-feira, 3 de março de 2010

CoffeeBreak entrevista: Segredos do Assessor de Imprensa que se Transformou em Viral nas Redes Sociais (ou Foi Quase sem Querer)




Fabio Chiorino virou celebridade. Ou, como ele mesmo prefere se auto-denominar, uma futura ex-celebridade virtual. Em menos de uma semana, seu rosto estava na home do portal Terra, nas páginas do diário gaúcho Zero Hora e nas telas da Band Sports. Enquanto escrevo estas linhas, o jornalista e assessor de imprensa, com quem tenho o prazer de dividir espaço no escritório da XPress, se prepara para uma entrevista a Luis Megale e Marcelo Duarte para o programa ‘É Brasil que não Acaba mais’ da BandNews FM.

Fabinho, como carinhosamente o chamamos na X, ou @fchiorino, como hoje é mais conhecido, agora é “viral”. Uma imagem sua simulando o que seria a forma caseira de jogar curling (aquela modalidade esportiva besta, parecida com um tipo de bocha disputado no gelo, que virou modinha com a transmissão na TV Record das Olimpíadas de inverno), ganhou o mundo virtual e o levou à imprensa tradicional.

Na internet, a foto caseira saiu do Twitter para invadir as caixas de e-mail. “Um amigo que trabalha num jornal em Salvador mandou mensagem dizendo não acreditar que metade da redação estampava, naquele momento, meu rosto em seus monitores”, relatou. “Teve uma moça que pediu para pararem de mandar o arquivo com a imagem, que ela havia recebido mais de 17 vezes. Outro colega disse que a imagem estava num site de humor no exterior, mas preciso achar o link”.

O mais incrível foi que tudo começou com um twett no perfil da @amandaansaldo, esposo da Fabio, plena sexta-feira meia noite, “http://twitpic.com/15k2kc - Meu marido nas Olimpíadas de Inverno #curling” . E ela tinha apenas 60 seguidores (hoje são 230). Alguns seguidores da Amanda com redes sociais muito maiores adoraram a foto e a ‘retuitaram’. De RT em RT ela rapidamente chegou ao pessoal que cuida do twitter dos Malvados, que a repostou, chegando ao Quibe Louco e depois ao Luciano Hulk, perfil com maior número de seguidores do país. Pronto, a imagem de Fabio Chiorino jogando curling caseiro havia ganho as redes sociais.

Como outro colega de trabalho, Rodrigo Dionísio, escreveu no blog da XPress, brincando e sem qualquer pretensão além de se divertir e criar uma boa piada, Fabio Chiorino conseguiu de graça o que muitas empresas pagariam bem para ter no nosso mundo da Comunicação Corporativa. Se fosse um trabalho profissional para divulgar o curling, por exemplo, acredito que o ‘cliente’ estaria feliz com o resultado. Por outro lado, acho difícil que um ‘cliente’ tivesse aceito uma ação tão simples e despretensiosa. A questão é que, segundo Chiorino, foi exatamente este o pulo do gato. A seguir, relato algumas lições que ele relata com o caso:

1. Esteja ligado nas tendências, use as redes sociais como termômetro – “Sou apaixonado por esportes e, claro, fiquei ligado na transmissão pela SPORTV e TV Record das Olimpíadas de Inverno. Também sou muito ligado nas redes sociais e comecei a perceber que o curling estava ganhando relevância. Via alguns tweets brincando com a modalidade e em diversos momentos ela apareceu como TT (trend topics). É um esporte novo, inusitado, e estava chamando a atenção, virando notícia.”

2. E aja com rapidez – “O timming é importante. Tem quer rápido, falar do assunto quanto ele ainda é assunto, ainda está na cabeça das pessoas”.

3. Humor é a chave para viralizar a mensagem – “Tudo aconteceu sem querer. Era uma piada que as pessoas gostaram e quiseram contar para os amigos, que por sua vez replicaram para outros e assim por diante, num crescimento exponencial das redes sociais. O humor é um dos grandes temas das redes sociais, dos e-mails. É só ver o numero de seguidores do Quibe Louco”.

4. Seja simples... – “Acho que um dos segredos foi a simplicidade. Era apenas uma foto. Você clicava no link e ela estava lá. Não tinha que preencher formulário, ler nada ou assinar qualquer serviço. Apenas uma imagem que comunicava tudo. Muitas vezes percebo que as empresas querem viralizar algo mas se perdem em milhões de detalhes e informações adicionais que acabam tornando o conteúdo chato ou de difícil acesso. Um exemplo: na mesma semana em que postamos a foto tive um artigo meu publicado pela Revista da Folha que repercutiu muito menos. Talvez porque o texto está hospedado no UOL e apenas os assinantes têm acesso.”

5. ...Mas atento aos detalhes – “Fizemos a foto em casa, assim que tivemos a ideia. Foi de supetão. Mas fiz a cara de preocupado que os atletas tem na hora de jogar. O gelo que a Amanda colocou no chão também fez a diferença, assim como a nossa chaleira que, por feliz coincidência, tem o formato muito parecido com a pedra que eles usam no curling. Foi uma produção caseira mas pensada para tornar aquilo o mais legal possível. Queríamos que as pessoas rissem. Hoje (dia 2 de março de 2010) o link da foto já teve mais de 20 mil visualizações”.

6. E objetivo – “Como o Rodrigo escreveu no post dele para o XComunicação, acho que o conteúdo viral tem muito de jornalismo. A mensagem, seja escrita ou, como no meu caso, em formato de imagem, tem que ser objetiva, sem firulas, fácil de ser entendida e direto ao ponto”.

7. Tenha estratégia – “Outro ponto importante foi postarmos no perfil da Amanda. Em teoria era pior, pois ela tinha metade do número de seguidores que eu, mas achamos que postar algo do gênero “me vejam jogando curling em casa” poderia ficar com cara de auto-promoção e perder parte do impacto. Acho que estávamos certos”.

8. Finalmente, nunca subestime o poder das redes sociais – “Acho que esta história, de como uma brincadeira despretensiosa num perfil com 60 seguidores se tornou viral e chegou à grande imprensa comprova a força do Twitter, do Facebook. Teve uma hora em que eu e a Amanda nos olhamos e falamos, “f... perdemos o controle”. A piada virou uma bola de neve e o Fabio Chiorino se tornou a mais nova celebridade virtual. Como ele diz, teve seus 15 tweets de fama.

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