Outro dia recebi um tweet da Anaik, colega que escreve o ótimo Melhores Palavras, com um link para um artigo sobre o poder de síntese necessário para escrever no Twitter, por conta dos 140 caracteres. Lendo aquilo, me veio, claro, a lembrança das aulas de redação jornalística, das técnicas para fazer um bom título, do lead, ou seja, que um bom jornalista deve resumir o fato a ser comunicado no mínimo de texto, com estilo, clareza etc.
Ou seja: escrever no Twitter é como fazer um bom título, se possível auto-explicativo. Será então que a nova estrela da internet é território privilegiado para jornalistas? Arriscaria que sim. Afinal, além da necessidade de ser conciso, há o imediatismo, a mensagem chega aos seus seguidores no momento em que você escreve.
Não por acaso diversas empresas jornalísticas utilizam (algumas muito bem) o Twitter. Eu mesmo sigo várias, da CNN à Wired, passando por colunistas como Mônica Bergamo e Lauro Jardim (este último, na minha humilde opinião, ainda muito distante da linguagem do microblog, com seus tweets enigmáticos, que nunca me chamam a buscar seu link).
Resumindo: o Twitter é uma ferramenta de comunicação instantânea e que necessita de poder de concisão ideal para disseminar e discutir notícias, novidades. Perfeito. Mas o grande espanto é que, pensando corporativamente, ela está indo para outras mãos. Explico.
Pense numa empresa que quer estar no Twitter. Quem ela vai procurar? Que tipo de profissional ou agência? Normalmente o que temos visto no Brasil é que esta demanda está caminhando para empresas de publicidade digital, que contratam jovens “ligados nas novidades”. Dependendo do projeto, pode até funcionar. Mas acredito que o mais correto seria que as agências de comunicação corporativa, nossas antigas assessorias de imprensa, assumam este papel.
São profissionais de comunicação que dominam as técnicas jornalísticas – ou seja, vão conseguir se expressar bem em 140 caracteres – conhecem em profundidade as políticas, mensagens e informações da empresa que passará a dialogar na rede social e estão treinados a interagir com públicos exigentes e questionadores como jornalistas e formadores de opinião. Não são tão jovens? Bom, ótimo. Os usuários do Twitter também não são.
Desculpem, mas para mim parece óbvio. Tanto que em outros mercados, como o dos EUA, as agências de comunicação corporativa já estão trabalhando sério neste caminho. E aqui? Enquanto assessoria de imprensa vira commodity, a maioria das empresas continua dando passos tímidos neste caminho sem volta. Por quê?
Porque não aprenderam a lidar ainda com as redes, porque tem medo e porque muitas não associam realmente à relacionamento e à gestão de marcas e sim à modismo, por isso contratam “ligados nas novidades", mas como muito aqui é absorvido pelas cópia, pelo neuronio espelho, esperamos um pouco.
ResponderExcluirmateus
Mateus, meu caro. Acho que você tocou num ponto crucial. O medo. Incrível o medo de inovar de nossos colegas da comunicação corporativa. Até que, como aconteceu com a indústria musical, por exemplo, seja tarde demais para reagir.
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