Tudo começou por necessidade. Ou quase. Para economizar nossas finanças, o transito de SP e o planeta, minha mulher e eu decidimos ter apenas um carro. Afinal, trabalhamos muito próximos e temos o mesmo horário. Claro que há dias e dias – já tive que esperar em dias que ela teve que ficar até mais tarde e vice-versa. Mas em geral a experiência tem sido positiva e ainda ganhamos mais tempo juntos – afinal levamos cerca de duas horas por dia entre ir e vir do escritório.
Mas o post não é sobre isto, e sim sobre ficar sem o carro. Meus gêmeos nasceram, minha mulher ainda está de licença e, pelo menos uma vez por semana, precisa de nosso carro para resolver uma série de questões. E foi assim que comecei a me organizar para tirar meu dia da semana sem carro – e não apenas sobrevivi a isto, mas acabei gostando.
É incrível como nos acostumamos com saídas que parecem simples e não vemos quantas possibilidades existem. A principal delas é a velha e boa carona. É com ela que consigo chegar ir da Mooca ao escritório na Vila (argh) Olímpia. Afinal, pelo menos três colegas moram próximo de mim e nos revezamos dando carona uns aos outros.
Mas a vida é mais complexa do que chegar ao escritório. Academia, reuniões, almoço com amigos... uma atitude ainda mais antiga que a carona é caminhar. Já que temos que, como uma manada, trabalharmos todos na mesma região, afinal alguém disse que é mais chique (mesmo sendo uma região sem metro, com ruas estreitas e sem estacionamento) alguma vantagem temos que ter com isto. Hoje fui da academia, andando, a uma reunião, da qual voltei da mesma forma. Outros clientes da agencia, localizados na região da Berrini, já visitei usando o trem. Quando tudo falha, há o táxi – cujo preço é mais do que compensado pelo carro a menos que temos em casa (segundo os cálculos de um especialista em finanças, o custo para manter um carro popular, entre combustível, seguro, manutenção, impostos e depreciação do veículo é de mais de R$ 1.200 ao mês).
O que esta experiência me ensinou, porém, é que, mais do que possível, ficar sem carro de vez em quando é uma delícia. Andar permite ver uma cidade diferente. Inúmeros detalhes, invisíveis ao volante, aparecem, sejam pequenas praças, uma casa com um pórtico digno de nota, um pequeno e aparentemente delicioso restaurante, um bar que parou nos anos 50. E as pessoas. Olhar as pessoas, interagir, rir com o rapaz que, sem perceber, desfila pela Vila Olímpia com um colante escrito “este é grátis” preso às costas. Chego ao escritório mais leve, relaxado e com meu estoque de referências, tão importantes para ser criativo, renovado. Porquê não, toda semana, tirar pelo menos um dia para deixar o carro em casa?
Acho uma excelente ideia - poderíamos até criar uma campanha entre amigos! Admito que já tentei fazer isso, e aqueles pequenos velhos detalhes se colocam como `desculpa`. Medo da violência - foram dois assaltos em quatro meses -, dificuldade em conseguir pegar um táxi, frequencia absurda com que chove nesta cidade.
ResponderExcluirmas, provavelmente, estou mesmo é acomodada com a situação. em minha defesa, Lucas e eu também só temos um carro!! E digo: é mais do que suficiente.
Gui, também completei um ano sem carro na semana passada. Vc tem razão: chegamos no trabalho menos estressados, reparamos em coisas antes ignoradas, economizamos, caminhamos mais... Sem dúvida, há o lado bom.
ResponderExcluirMas há o lado "negro"... A chuva, que torna os transportes públicos inviáveis; a nossa agenda, que nos "impõem" compromissos nas zonas Norte, Sul, Leste e Oeste em um mesmo dia; o serviço de rádio-táxi, que nunca funciona quando vc precisa com urgência...
Enfim, estava indo bem, mas confesso que esta semana tive recaída e estou com imensa saudades da independência (e do conforto) que um carro representa...
Gio,
ResponderExcluirClaro que há um lado negativo, como toda escolha. E eu estou longe de ter a radicalidade da sua decisão de simplesmente abrir mão do carro. Minha proposta é de equilibrarmos seu uso e pensarmos em outras saídas. Afinal, ficar preso num congestionamento monstro para andar 500 metros em meia hora às vezes é tão desconfortável quanto 20 minutos andando debaixo da garoa (aconteceu comigo ontem).